Arquivo anual: 2015

Botecando #73 – Central da Villa – São Paulo – SP

20151009_002551O que você responderia se alguns amigos te convidassem para um show do Sampa Crew? “Claro, vai ser no mínimo engraçado”, foi minha resposta. E foi mesmo. Mas antes de falar do show (e das outras “atrações”), vamos primeiro falar sobre o local.

O Central da Villa é o antigo “Central do Brasil”, que durante muitos anos foi um dos locais em São Paulo onde se ouvia a melhor MPB (com o grupo Sons e Palavras). O imóvel é um galpão que provavelmente era utilizado como armazem e tem um pé direito bem alto (o que proporciona uma acústica legal), contando também com um mezanino. A decoração é bem simples, baseada em tijolos aparentes e alguns desenhos de ícones da música. Mas o mais interessante da decoração é que, pelo fato do imóvel ser amplo, as mesas são bem espaçadas, e dá um ar mais “clean” para a casa.

O atendimento é outro ponto de destaque, com garçons e garçonetes muito atenciosos e simpáticos. No quesito bebidas, as cervejas nacionais padrão estavam disponíveis e ainda tinha promoção de balde de Heineken (a unidade saia R$ 12,00, porém o balde com 4 custava R$ 40,00). Pedimos uma porção de provolone à milanesa que, apesar de um tamanho generoso, estava na média em termos de sabor. Valeu o preço.

Agora voltando ao show: imaginávamos que o Sampa Crew seria a única atração da noite, porém, uma dupla sertaneja tocou inicialmente. A dupla até que não era ruim (os cantores eram medianos, mas a banda era até boa), mas eu acho que musica negra (samba, pagode, soul, mesmo o “black pop” do Sampa Crew” e funk) não combina com sertanejo. São estilos muito distintos e inclusive com públicos diferentes.

Como eu disse que no mínimo seria engraçado, realmente aconteceu: lá pelas tantas subiu um “convidado” no palco (algum empresário queria “mostrá-lo” ao público) que foi responsável por um misto de humor e vergonha alheia. O visual do “artista” já era meio estranho: o cara era um Glenn Danzig emo que cantava sertanejo (ou como eu apelidei na hora: emonejo). Cantava não seria a palavra mais correta, já que além de não conseguir manter o tom das músicas, também não conseguia manter um ritmo e fazia com que a banda ficasse “correndo atrás” dele. Para completar o “pacote”, ainda tentou inventar alguns movimentos que, creio eu, ele julgava ser uma dança. Para não falar que eu é que sou chato, quando ele terminou duas músicas (pareceram intermináveis momentos de tortura), alguém sugeriu “mais um?” e o bar inteiro foi unânime: NÃO!!!!

O Sampa Crew acabou entrando quase meia noite e meia (de uma quinta L). Conforme o tempo, nossa percepção sobre as coisas acabam mudando, não porque elas tenham mudado, mas sim porque nós mesmos mudamos (e eu particularmente deixei de lado preconceitos musicais). Eu estava achando que seria um show estilo “brega anos 90” para dar risada e acabei até que gostando, especialmente ao perceber que o Sampa Crew é a versão tupiniquim do Boyz 2 Men. As melodias e o arranjo vocal das música é bom e, se as letras não são aquele primor, ao menos ficam no mesmo nível do “pop romântico meloso” dos seus inspiradores.

Veria um show deles novamente de boa!

Onde: Central da Villa (Rua Fáustolo, 1430 – Lapa – SP)
Quando: 08/10/2015
Bom: preços e espaço
Ruim: o mix de estilos musicais não é legal
Site: http://www.centraldavilla.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/centraldavilla

Be happy! 🙂

Botecando #72 – Beco Beer Festival – São Paulo – SP

20151004_150805Quem me acompanha (por aqui, pelas redes sociais e pessoalmente) percebe como eu fico alegre com as iniciativas de ocupação do espaço público que vêm ocorrendo em São Paulo, especialmente nos últimos 3 anos (ponto para o Haddad!). Já deixei isto bem explícito em artigos que escrevi sobre a Virada Cultural 2014 e sobre o Tempelhof, em Berlin. Este é um dos motivos pelos quais os Botecando com bares “mesmo” rarearam: estou frequentando mais estes eventos e menos bares. Isto até me levou a começar a escrever sobre estes eventos dentro desta seção, afinal de contas, Boteco é mais do que um local, é um estado de espírito!

Agora imaginem a minha felicidade ao saber de um evento ocupando o espaço público e que teria como tema Cerveja Artesanal!!!

A idéia do Beco surgiu na quinta edição do Mercado das Pulgas (em breve falo dele aqui). Como a idéia de um flea market é que as pessoas levem seus produtos (usados, artesanatos, alimentos, etc) para comercializar, alguns cervejeiros artesanais e caseiros começaram a levar suas criações e notaram a boa receptividade do público (na quinta edição eram cerca de 10 cervejeiros!!!). Então durante as trocas de experiência entre eles (na verdade troca de cervejas) eles bolaram o evento, meio assim de sopetão. Alguém deu a idéia de fazer na Barra Funda, no final da Rua Lopes Chaves, que é uma rua sem saida que termina na linha do trem.

E nesta de se reunirem sem ajuda do poder público, conseguiram montar um evento que contou com quase 15 cervejeiros, barracas de comidas, bandas tocando ao vivo, live painting (grafite), artesanato, banheiros químicos (pago por eles), etc. Da qualidade das cervejas nem preciso falar pois já estou virando fã da Saga, da Van Der Ale e recentemente da C.U. (Cervejaria Urubu, que abriu uma confraria na Pompéia, mas falo mais deles em outro artigo).

E sou fã não só pela disposição de enfrentar um mercado que, apesar de estar em franco crescimento, enfrenta toda a “burrocracia” brasileira, altos custos de insumos (boa parte importados) e, como se já não fosse o bastante, a entrada dos grandes players (InBev, Kirin, etc), que estão preocupados com a ascensão destes “artesãos” e querem evitar uma “Blue Moon” no mercado nacional. Não é por nada disso. Sou fã deles pois as cervejas são realmente boas, não perdendo em nada para microcervejarias estrangeiras e dando de lavada nas grandes cervejarias do mundo todo no quesito qualidade.

Além de comida, bebida, ainda tinha um bom rock rolando ao vivo. Achei muito legal também a inclusão dos carroceiros que vivem ali no beco no evento: os organizadores foram pedir autorização para eles (afinal, eles já estavam ali antes) e os convidaram para ajudar. Além de terem recebido uma grana para limpar o beco, cuidaram dos veículos (mais uma graninha) e puderam beber e comer, ou seja, não foram expulsos de uma festa na própria casa, muito pelo contrário, foram verdadeiros bons anfitriões.

Para resumir, foi aquele domingo como todos os domingos deveriam ser. Uma pena que o próximo acontece somente no dia 6 de dezembro. Mas até lá, pelo menos neste domingo, 18 de Outubro, vai rolar o 6º Mercado das Pulgas no Minhocão!

Onde: Beco Beer Festival (Rua Lopes Chaves – Barra Funda – SP)
Quando: 04/10/2015
Bom: cervejas artesanais e ocupação do espaço público
Ruim: podia ser mais frequente!!!
Facebook: https://www.facebook.com/events/1652463468334875/

Be happy! 🙂

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Botecando #71 – Samba da Treze – São Paulo – SP

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Todas as sextas feiras ali na Treze de Maio (praticamente em frente a Igreja de Nossa Senhora Achiropita), coração do Bixiga, ocorre esta roda de samba, que é animada pelo Grupo Madeira de Lei (facebook deles abaixo) e que, como não poderia ser diferente, é composto por vários integrantes da Vai-Vai. Normalmente a roda também recebe convidados e desta vez, além do puxador da G.R.C.E.S. Primeira da Aclimação, teve como convidado o Candinho, que veio sem sua banda, mas com suas mulatas.

O samba rola na calçada mesmo e existem uns 6 botecos na própria Treze de onde se pode acompanhar e que, além de servirem bebidas e petiscos, é onde se pode utilizar banheiros. Se a grana for curta, vale até levar um cooler com as cervejas e ficar pela rua mesmo, aproveitando o samba. E não se incomode de usar os banheiros dos bares mesmo se que não esteja consumindo, já que ninguém fica controlando.

Para comer, além dos petiscos de cada um dos bares, na esquina tem o famoso Choripan do Argentino, além de uma lanchonete vendendo fogazzas e outros quitutes italianos.

O público é bastante variado: casais, grupos de amigos, famílias com crianças, pessoal fazendo happy hour depois do trabalho, etc e tudo rola na maior paz. O Madeira de Lei também é muito bom e manda desde clássicos paulistas (Germano Mathias, Adoniran, Geraldo Filme, etc) até “clássicos” do Pagode 90, passando pelo samba carioca (Noel, Cartola, Paulinho, a galera do Cacique, etc) e Sambas enredo de escolas paulistas e cariocas.

Inicialmente o samba é marcado para as 20:00, porém, como existe um “acordo” entre o grupo, os bares e o padre, o som ao vivo só começa quando o padre fecha a porta da igreja, portanto, dependendo do humor dele, pode começar no horário ou atrasar umas duas horas, como ocorreu neste dia.

Onde: Samba da Treze (Rua Treze de Maio com Rua Conselheiro Carrão – Bixiga – SP)
Quando: 02/10/2015
Bom: samba, ambiente e ocupação do espaço público
Ruim: se chove não tem pra onde correr
Facebook: https://www.facebook.com/grupo.madeiradelei

Be happy! 🙂

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Botecando #70 – Praça do Samba – São Paulo – SP

PracaDoSamba01O Grêmio Recreativo de Resistência Cultural Kolombolo Diá Piratininga é um coletivo cultural surgido e sediado na Vila Madalena e que tem como objetivo a divulgação e valorização do samba paulista atavés de rodas, oficinas, encontros, shows, etc.

Todo último domingo do mês o Gremio promove na Praça Aprendiz das Letras, situada em frente à sua sede (e ao lado do Centro Cultural Rio Verde), uma roda de samba composta por membros do Grêmio e que apresenta desde clássicos do samba paulista a sambas nascidos na sua ala de compositores.

A Praça em é bem pequena e conta com uma quadra (onde a roda se forma) e uma mini arquibancada onde a galera se ajeita até ficar no “clima” para dançar. Para beber, dá para levar o próprio isopor ou adquirir cervejas, águas e refrigerantes dos ambulantes que ficam do lado de fora. Para comer geralmente tem um dog perto, ou vale a dica de levar alguns petiscos. Só tenha o cuidado de jogar todo o lixo produzido em uma das latas que ficam espalhadas na praça.

Vale a dica de respeitar (e se pintar oportunidade interagir) com os moradores da praça, que fazem questão de “dar uma geral” no local, para “receber” a roda e as pessoas (um dos moradores estava varrendo a praça e colocando o lixo em lixeiras antes do samba começar).

O único ponto ruim é que falta um banheiro ali, como aliás falta em praticamente toda a cidade. Talvez os responsáveis pela roda pudessem agilizar um crowd funding para contratar banheiros químicos neste evento. Mas enquanto isto não acontece (e o poder público não instala banheiros nesta e em outras praças), a dica é se dirigir até o posto de gasolina da Inácio (o banheiro dos homens está sempre aberto e o das mulheres basta pedir a chave para um dos frentistas).

Programa bom e barato para um domingos de sol (em caso de chuva a roda acontece dentro da sede do Grêmio) e é uma ótima pedida para levar crianças e cachorros, que podem ficar correndo e brincando na praça.

Onde: Praça do Samba (Rua Belmiro Braga com Rua Inácio Pereira da Rocha – Vila Madalena – SP)
Quando: 27/09/2015
Bom: samba, ambiente e ocupação de um espaço público
Ruim: falta banheiros
Site: http://www.kolombolo.org.br/
Facebook: https://www.facebook.com/kolombolo

Be happy! 🙂

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Botecando #69 – Canto Madalena – São Paulo – SP

CantoMadalenaTalvez por ficar meio escondido num canto da Vila Madalena (não ia perder o trocadilho), o Canto Madalena não seja tão conhecido quanto os bares e restaurantes do “miolo” da Vila (Aspicuelta, Mourato, Fradique, etc). E quem nunca foi não sabe o que está perdendo.

Montado em um belo imóvel no finzinho da Medeiros de Albuquerque (que por sua vez fica no início da Aspicuelta), conta com uma decoração bem colorida, baseada em móveis rústicos e artesanato brasileiro e poderia se chamar “Canto Brasileiro”, já que além da decoração, a culinária também traz o que existe de melhor no país, especialmente pratos nordestinos e mineiros.

Os preços são bem justos pelo tamanho dos pratos, o que acaba “empatando” com o preço da cerveja, que segue o padrão Vila Madá (sempre acima dos R$ 10,00). Para quem gosta de cervejas especiais, eles também oferecem a Madalena, além das cervejas comerciais padrão.

O atendimento também é acima da média (sem exagerar) e o ambiente é bem frequentado.

Tanto para ir tomar umas cervejas com os amigos num happy hour, como para almoçar com a família num domingão, o Canto é sempre uma ótima opção: o custo X benefício vale bem à pena e você acaba fugindo do burburinho dos lugares “da moda”.

E fica a dica: quando tiver algum amigo gringo visitando o SP, não deixe de levá-lo lá, para que ele possa provar um pouco da tradicional e vasta culinária do nosso país, bem como ótimas caipirinhas, ao som de ritmos nacionais.

Onde: Canto Madalena (Rua Medeiros de Albuquerque, 471 – Vila Madalena – SP)
Quando: 27/09/2015
Bom: comidas e bebidas
Ruim: nada
Facebook: https://www.facebook.com/cantomadalena

Be happy! 🙂

Botecando #68 – Vila Seu Justino – São Paulo – SP

VSJ 02Pelas propagandas que sempre me apareceram no Facebook do Vila Seu Justino a casa me aparentava ser daquele estilo “pagação da Vila Olímpia”. Acho que por isto demorei para conhecer. Mas se o local não chega a ser um São Bento (no sentido de ser mais um lugar para desfilar do que para beber, comer e socializar), também está longe de ser um boteco “de verdade”.

O ambiente do bar é bem legal: fica ali no comecinho da Rua Harmonia e provavelmente era uma das inúmeras Vilas da Vila Madalena antes de se tornar um bar. Tem aquele corredorzinho lateral que te leva a uma área aberta que mais parece com uma praça e que é bem agradável para se tomar uma cerveja durante o dia. A parte da frente já é fechada e conta com um palco. Infelizmente não pude ficar para ver quem iria tocar pois tinha outro compromisso, mas o pessoal que ficou disse que o pagode era fraquinho (além de começar muito tarde, depois das 18:00). Prefiro voltar para tirar minhas conclusões sobre este quesito.

O público é bem variado: famílias com filhos, casais fazendo programa romântico, grupos de amigos, grupos de garotas e grupos de garotos à caça. Não dá nem para dizer qual “tribo” é o público do local.

Um dos principais destaques é o atendimento: todo o staff, desde o rapaz da recepção, passando pelos seguranças, garçons e caixa são bem educados e simpáticos.

No quesito bebida, além de uma pequena variedade de boas cervejas (Heineken, Amstel, etc), também chama a atenção as caipirinhas e os caipilés (com sorvete Rochinha!). Acabei não comendo nada então não posso falar sobre os beliscos.

O local em sí é bem agradável (esta parte nos fundos, onde têm as árvores), mas me parece que na ânsia de atender à todo tipo de público possível acabou ficando sem personalidade.

Mas voltarei outra vez com mais tempo (eu tinha um compromisso no dia e só fui porque era o farewell de um amigo) para aproveitar melhor.

Onde: Vila Seu Justino (Rua Harmonia, 77 – Vila Madalena – SP)
Quando: 26/09/2015
Bom: atendimento e ambiente
Ruim: falta personalidade
Site: http://www.vilaseujustino.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/VilaSeuJustino?fref=ts

Be happy! 🙂

Botecando #67 – Fast Berlin – São Paulo – SP

FB 01O Fast Berlin tem uma proposta bem interessante: oferecer comida de rua típica de Berlin, além é claro, de cervejas. Imagino que o Fast do nome tenha sido um trocadilho com a palavra em alemão (Fast com o “A” aberto, que significa “quase”) e em inglês (“rápido”), então, para quem entende alemão é o “quase Berlin” e para quem não entende, remete à fast food.

O bar/lanchonete fica ali bem no comecinho da Mourato, quase esquina com a Rua dos Pinheiros, em um imóvel que também remete aos pequenos estabelecimentos onde se come barato e rápido que existem em Berlin. É bem montado, apesar de não ser muito grande. Uma pena que ali não existe espaço na calçada para “espalhar” mesas.

Currywurst e cerveja: das ist Berlin!

Currywurst e cerveja: das ist Berlin!

As comidas são servidas em porções individuais bem generosas (dá para duas pessoas sem muita fome comerem sossegado). Desta vez provei a tradicional Currywurst, com salsicha de porco (tem mais duas opções de salsichas) e uma porção de Paprika Schnitzel (um filé de porco empanado, nesta apresentação cortado em pedaços pequenos e acompanhado de um molho de páprica). As duas porções acompanharam fritas (Pommes Frites). Achei que as porções eram menores quando pedi então acabou por não sobrar espaço para experimentar a coxinha de Eisbein (joelho de porco) e muito menos a Apfelstrudel.

Eles também oferecem uma boa carta de cervejas, porém sem focar especificamente em cervejas DE Berlin, mas cervejas comercializadas na cidade. Portanto apesar da carta não muito grande, se encontra uma boa variedade, como a HB (vom Fass), Berliner Kindl, pilsens Tchecas e mais algumas outras opções.

O cardápio é bem montado, oferecendo opções vegetarianas e indicando os melhores estilos de cerveja para cada prato. O atendimento foi um dos melhores pontos, com todo o staff sendo muito atencioso e simpático. Para não falar que tudo estava muito bom, tem dois pontos que, se não me desagradaram, ao menos não deixaram a experiência ser melhor do que foi.

O primeiro é o preço, mas talvez eu que esteja sendo meio chato, já que o povo está acostumado a comer os tais Hamburgers gourmet de food truck de pé, literalmente na rua e pagar R$ 25,00 por isto e eu paguei algo equivalente por porções grandes, mas sentado confortavelmente numa mesa debaixo do ar condicionado. O outro ponto é que não me senti como se estivesse no bar. Não sei dizer exatamente porque, mas o local te convida a comer e ir embora e não a sentar para ficar tomando cerveja e jogando conversa fora. Talvez seja a fila de espera que se formou alguns minutos depois de termos chegado.

Só acho que, por ser de comida de rua de Berlin, tinham que ter Kebab no cardápio….hahaha

Onde: Fast Berlin (Rua Mourato Coelho, 24 – Pinheiros – SP)
Quando: 18/09/2015
Bom: atendimento e ambiente
Ruim: preço
Site: http://www.fastberlin.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/fastberlin?fref=ts

Be happy! 🙂

Wanderlust #30 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

RJ 01Existem cidades que são muitas dentro de uma. Estas cidades são impossíveis de se conhecer em apenas alguns dias, eventualmente mesmo algumas semanas são pouco e você é “obrigado” a voltar várias vezes para poder conhecer todas as faces delas. São Paulo é assim, Berlin também é. Mas o Rio talvez seja a principal delas. Existe o Rio de Janeiro das paisagens de tirar o fôlego, o Rio das praias populares, o Rio das praias isoladas, o Rio histórico, o Rio desportista, o Rio da ostentação, o Rio da periferia, e por ai vai.

Desta vez (minha quinta vez na cidade), mesmo antes de saber que o tempo estaria ruim, tinha combinado com os amigos que seria o “Feriado do Samba”, ou seja, desta vez iriamos conhecer (ou rever, em alguns casos) o Rio do Samba. Mas não aquele samba da Lapa/Rio Scenário. Iriamos aos redutos do samba de raiz.

Bar do Bacana

Bar do Bacana

Mas antes de iniciar resolvemos pegar um bar “de leve” na sexta feira, para não acordarmos estragados no sábado. Fomos caminhando de Ipanema até o Leblon para fazer um “happy hour” no Bar do Bacana, que é do mesmo dono da rede Belmonte, famosa por suas empadas. Para não parecermos muito paulistas, é claro que pedimos cerveja Antárctica (que era minha preferida há uns 20 anos atrás). Como tiragosto (ou tiragoxxxto), uma porção de batatas fritas da casa, que eram acompanhadas de tiras de linguiça calabresa frita e cobertas por queijo. Fica a dica para algum bar “copiar” em SP. Como é comum no Rio e infelizmente incomum em SP, não deixamos de pedir uma porção de um suculento torresmo. E ai cerveja vai, caipirinha vem e a proposta de “tomar de leve” tinha ido para o brejo. Ainda bem que começamos cedo, então voltamos cedo para o ap para podermos descansar para a maratona dos outros dias.

Madureira...

Madureira…

No outro dia, tomamos um café da manhã bem reforçado para encararmos a Portela na parte da tarde (até à noite). Não tenho costume de ficar andando muito de táxi ou alugar carro quando viajo porque acho que você perde boa parte da experiência social local se “isolando” dentro de um veículo particular. Ainda bem que os amigos encaram numa boa e toparam ir até Madureira de metrô e trem. Eu tenho muitas horas de trem nas costas por ter morado na Z/L quando a linha vermelha ia somente até o Tatuapé e também por ter sido office boy. Mas os amigos sempre acham engraçado o comércio ambulante, que vende desde balas até eletrônicos dentro dos vagões. Inclusive lá a vida é bem mais fácil para os ambulantes e aqui em SP também podiam “fazer vista grossa”, já que eles mesmo não entram quando está muito cheio e se organizam para não entrarem muitos de uma vez no vagão.

RJ 04Depois de uns 30 minutos de trem (e 4 chocolates baton por 2 reais) chegamos em Madureira e caminhamos por uns 10 minutos até a quadra do GRES Portela. A quadra é bem grande e muito bem montada. É feita para turista, com camarotes e áreas reservadas, mas diferente da Rosas de Ouro, em São Paulo, mesmo dando uma atenção aos turistas não perdeu a essência e não virou balada. Ainda é escola de samba, tanto no que diz respeito ao som e à presença em peso da comunidade, quanto pela ausência de “ostentação” por parte dos visitantes. E foram quase 8 horas curtindo várias atrações, como Velha Guarda (com a presença do Seu Monarco), Portelinha, Grupos de Samba, Dominguinhos do Estádio, entre outros. Recomendo!

No domingo  como o programa era à partir das 17:00hrs, deu para “pegar uma praia” de manhã e para isto fomos caminhando pela orla até o Leblon. Como praia mesmo não ia dar, apenas sentamos e ficamos por ali conversando, fumando e tomando umas cervejas (desta vez de leve mesmo).

RJ 05Depois do almoço era hora de encarar outra maratona de metro e trem, desta vez até Olaria, para visitar novamente a quadra do Cacique de Ramos. De domingo o trem é meio complicado pois os intervalos podem chegar até 1 hora. Talvez devessemos termos ido de BRT, já que existe uma estação ao lado da de trem. De qualquer forma conseguimos chegar, pegar um balde de cerveja e finalmente consegui comprar minha camisa do Cacique. Mas devido o feriado, em cerca de 30 minutos o local estava cheio, o que tornava a ida ao banheiro ou ao bar uma missão das mais difíceis e praticamente impedia de ouvir o som, já que estávamos longe e com muito mais gente tem muito mais barulho. Como não valia muito a pena ficar, tomamos mais um pouco e fomos embora relativamente cedo, não antes sem notar que boa parte das pessoas que estavam lá também haviam estado na Portela no dia anterior e que muitas eram de São Paulo (a gente percebia pelo sotaque e por vestirem camisas de escolas ou times de São Paulo). Ainda quero visitar o Rio durante a semana para pegar a roda do Cacique que acontece às quartas. Deve ser mais confortavel e mais raiz.

RJ 06Na volta a Ipanema, um pit stop no Belmonte para umas empadas e alguns chopps e toca dormir para aproveitar a segunda feira de feriado.

O tempo não melhorou na segunda, mas ao menos deu uma esquentada e a possibilidade de chuva era bem pequena, então fomos andar novamente desta vez sentido Arpoador. Acho que em todas as outras vezes que eu fui à cidade eu me programei para assistir o por do sol no Arpoador e no fim, enrolado em outros passeios, acabava perdendo e não conhecendo esta praia. Desta vez não iria rolar pôr do sol mesmo, então aproveitamos para apreciar uma das mais belas vistas da cidade. Depois paramos em um quiosque em Ipanema para mais algumas cervejas.

Samba do Trabalhador: atualmente a melhor samba de roda do Brasil

Samba do Trabalhador: atualmente a melhor samba de roda do Brasil

À tarde, toca para o Andaraí para curtir uma das melhores rodas de samba da cidade: Moacyr Luz e seu Samba do Trabalhador, que ocorre em todas as segundas (nesta era feriado, mas ela acontece principalmente quando não é) há mais de dez anos no Renascença Clube e já foi aclamada nos últimos três anos por vários veículos de imprensa, bem como por outros artistas como sendo a melhor roda de samba do Rio. Digo até mais: é uma das melhores do país (eles tocam regularmente em São Paulo também) e o recente disco deles também é um dos melhores discos de samba lançado nos últimos 5 anos. E é samba mesmo: violão, violão de sete, dois cavacos, pandeiro, cuica, surdo, prato e faca. Nada de bateria, baixo e teclado (nem na roda e nem no CD).  Os músicos vão se revezando puxando sambas e como cada um do grupo tem um gosto e uma formação diferente na música, dá para ouvir desde Noel Rosa até versões de MPB, todas com a roupagem do grupo. Para abrilhantar mais a roda, na primeira parte eles contaram com a presença da fantástica Teresa Cristina e na segunda parte, além de participações desta, algumas canjas de Toninho Geraes. Devido ao feriado o Rena encheu rapidamente, formando fila de espera, e novamente notamos que muitas das pessoas que estiveram na Portela e no Cacique também estavam nesta roda. Uma roda que fechou o feriado com chave de ouro e quase me fez comparecer em um bar em São Paulo onde eles estariam tocando na três dias depois.

Clube Renacença lotado, especialmente de paulistas!

Clube Renacença lotado, especialmente de paulistas!

O fim de semana foi muito bom, só faltando um pouco de sol mesmo, mas o Rio, assim como as outras cidades que eu citei no início, tem um problema sério: cada vez que você vai à cidade volta com uma lista maior de coisas para fazer na próxima visita do que você tinha na ida.

Observações, dicas e considerações:

  • Como tinha gente de São Paulo nos sambas! Mas também tinha muita gente de Santos-SP (da outra vez que eu fiu no Cacique também) e de Curitiba afim de curtir este Rio do Samba. Imagino até que as agências de turismo já estejam oferendo pacotes deste tipo.
  • Tirando a Portela, que é feita para receber turista, o Cacique e o Renascença são clubes menores e ainda pouco preparados para receberem uma leva grande de pessoas. Por isto se a intenção é conhecer algum dos dois, prefira um final de semana sem feriado (e no caso do Cacique um domingo em que não ocorra a feijoada).
  • As estações de trem estão sem identificação, e alguns trens não anunciam a próxima estação. Para “ajudar” aos finais de semana algumas linhas que correm trechos sobrepostos alternam as paradas. É bom perguntar na estação sobre as paradas que o trem vai fazer e ficar atento para não descer errado.
  • Aos domingos é bom tentar checar os horários de trens (o Google ajuda com isto e tem também o site da Supervia, a operadora do sistema de trens do Rio) e se programar para chegar na estação com antecedência.
  • Em todos os lugares, inclusive na Zona Norte, tinham muitos policiais e uma sensação de segurança que não se tem em São Paulo
  • No domingo do Cacique rolou Fla x Flu e o trem passou pela estação Maracanã exatamente após o final do jogo. Subiram hordas de Flamenguistas no vagão e depois entra um Tricolor enrolado em uma bandeira. A viagem transcorreu na maior paz, sem nem provocações ou mesmo grupos cantando gritos de guerra. O carioca sabe aproveitar mais o futebol sem transformá-lo em guerra.

Be happy 🙂

As Intermitências da Morte – José Saramago (19/2015)

As Intermitencias da Morte“O que aconteceria se a morte resolvesse tirar uma licença?” é o mote principal deste livro do Saramago (autor também do famoso “O Ensaio Sobre a Cegueira”). Em um país fictício, regida por uma monarquia que se imagina ser uma daquelas mornarquias decorativas européias, depois da virada de ano a morte resolve simplesmente “não aparecer”.

Muitos das pessoas que estavam praticamente a expirar, simplesmente ficam no estado em que se encontravam, mas ainda vivas. O mesmo acontece com as vítimas de acidentes, assassinatos ou qualquer outro desfortunio: o coração continua batendo, os principais órgãos estão funcionando, mas a pessoa entra em um estado de catatonia, um vivo morto (ou morto vivo).

À partir dai, Saramago descreve os desdobramentos das consequências de algo que inicialmente parece ser uma boa coisa, como a imortalidade, mas que se mostra um verdadeiro desastre sob vários pontos de vista. O cartel dos agentes funerários, sem ter o que fazer depois da extinção da morte, pressionam o governo para que este obrigue os cidadãos a darem um “enterro digno” a seus animais como forma de manter esta indústria funcionando. As companhias de seguros decidem pagar apólices por idade de morte presumida, já que, se ninguém mais vai morrer, as pessoas irão deixar de fazer seguro. Até a igreja pede ao governo que tome uma providência pois, sem vida após a morte, não há sentido na existência das religiões.

Depois de alguns dias de muitas alegrias com a nova possibilidade, os habitantes começam a perceber que os entes próximos se tornam um fardo para eles quando deixam de morrer por velhice, e extrapolando no nível do país, para toda a sociedade, pois se ninguém mais morre, bastariam poucas gerações para ter uma infinidade de idosos imortais sendo cuidados por pouquíssimos jovens.

À partir destas questões surge a Máphia (com PH, e que lembra muito, em estrutura e atuação, o PCC paulista), que através de acordos excusos com autoridades e corrupção de agentes públicos, consegue, mediante o pagamento feito pelas famílias, dar um jeito de “matar os imortais” (não vou contar como para não soltar spoilers).

Toda esta narrativa, desde o início até o retorno da morte (também não entrarei em detalhes) é feita com um humor ácido e uma ironia fina e o país fictício nos faz lembrar muito bem o Brasil, ou qualquer outra república de bananas mundo afora.

Porém, ao concluir a estória principal, Saramago deixa um gancho para uma segunda parte onde, sem deixar de lado o humor, conta a história de amor da morte pela vida, ou como gosto de chamar, vida plena, de um simples violoncelista. Nesta segunda parte ele entra mais fundo em questões filosóficas (e existenciais) com as quais ele flerta na primeira parte do livro.

Saramago tem um estilo um pouco complexo de escrever: ele vai colocando os diálogos dentro do parágrafo, junto com a narração, sem dar muitas indicações de onde começa a fala e de que personagem ela é, separando-as apenas por vírgulas, ao invés de criar parágrafos e usar o travessão. Isto também torna a leitura um pouco complexa e aconselho ler cada capítulo de uma só vez, sem “quebrá-lo” em várias partes, para não complicar. Mas apesar disto (e do português de Portugal, que às vezes exige um pouco mais de atenção), o texto ainda é fluído e daqueles que você não consegue parar de ler, mesmo ao final do capítulo.

Tanto que posso dizer que, apesar destes pesares, foi um dos melhores livros que já li na minha vida e estou, desde que terminei, pensando qual dos meu top 10 teria que sair da lista para dar lugar à este.

Be happy! 🙂

Botecando #66 – Bar Samba – São Paulo – SP

Bar Samba 02Fazia tempo que queria escrever sobre este bar mas depois que comecei o blog não havia ido até lá. O Bar Samba já é um clássico, tanto de Vila Madalena, quanto do circuito de boas casas em São Paulo especializadas no ritmo.

Bar Samba 01

Tente identificar alguns deles

Localizada bem ali no burburinho da Vila Madá, fica num imóvel não muito grande, mas bem aproveitado. Um dos destaques da decoração, além das mesas com lantejoulas, em alusão ao Carnaval, é um imenso painel com caricaturas de vários sambistas. Uma das diversões estando lá é tentar identificar os artistas retratados neste painel.

Todos os grupos que eu vi tocarem ali sempre foram muito bons, que fazem valer o couvert acima da média (no sábado à noite estava R$ 35,00). Por outro lado, como só servem chopp, a conta geralmente acaba saindo um pouco salgada, pois além das pessoas tomarem mais, em comparação com a cerveja, o preço por litro é mais caro.

Em nenhuma das vezes em que eu fui eu comi lá, mas já ouvi falar muito bem da feijoada, servida aos sábados à tarde.

Bar Samba 03Outro ponto muito bom da casa é o atendimento: desde os seguranças na portaria, até os caixas, passando pelas garçonetes, que mesmo com todas as mesas estando reservadas, fizeram questão de tentar nos arrumar um lugar e, tão logo o prazo de reserva expirou, nos acomodaram em uma ótima mesa.

Ótimo lugar para curtir samba de boa qualidade!

Onde: Bar Samba (Rua Fidalga, 308 – Vila Madalena – SP)
Quando: 29/08/2015
Bom: música ao vivo e atendimento
Ruim: preço
Facebook: https://www.facebook.com/barsambabr?fref=ts

Be happy! 🙂

Bar Samba 04