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Wanderlust #46 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

(28/Ago/2017-31/Ago/2017)

Pier Mauá

Confome havia falado no último Wanderlust sobre o Rio, a cidade contém várias em uma. Desta vez, com uma passagem rápida somente durante a semana, resolvemos fazer um roteiro pela baixa gastronomia do Rio, especialmente fora dos pontos turisticos (Copacaba, Ipanema e Leblon).

Mas como ninguém é de ferro, já haviamos programado a viagem para podermos curtir o Samba do Trabalhador, uma das melhores rodas de Samba do Brasil, já na segunda-feira. Pegamos o metrô, descemos na Saens Peña, na Tijuca, e demos uma volta pelo centro comercial do bairro. Depois nos dirigimos ate o Renascença Clube e após tomarmos umas duas cervejas (Antárcticas, claro!) na porta, entramos logo no início do Samba (lá pelas 16:30) para garantirmos o nosso lugar. Na saída, no caminho de volta para o metrô, encontramos o Gabriel da Muda, um dos cavaquinistas da roda, que perguntou se a gente não estava no samba, ai começamos a trocar idéia e ele nos chamou para dar um passada no Bar do Momo, que ficava no caminho. Ficamos lá um pouco e já planejamos voltar no outro dia.

Na terça-feira lá fomos nós novamente para a Tijuca fazer um tour pelos botecos da região. Voltamos ao Momo, onde pudemos aproveitar, agora com calma, o ótimo bolinho de arroz (olha que eu não sou chegado neste petisco pois acho sem graça) e a surpreendente guacamole de Jiló. Depois fomos até o Varnhagem, na praça de mesmo nome, onde além de tomarmos umas geladas debaixo de um sol escaldante, também aproveitamos para pedir uma porção mista de bolinhos.

A idéia de fazer um tour pelos botecos da Tijuca surgiu ao acompanharmos os videos do canal Botecos do Edu, então fomos seguir algumas das sugestões. Primeiro passamos no Café e Bar Aldila, uma portinha que, segundo o Edu, tem um dos melhores torresmos do Rio. Achei bom, acima da média, mas já comi melhores. Em seguida fomos até o Cantinho do Céu para mais uma cerveja.

Neste meio tempo o Gabriel havia sugerido por mensagem que fôssemos ao Carioca da Gema. Lá provamos uma otima porção de torresmo e uma coxinha boa (apenas). Infelizmente não havia mais espaço no estômago para provar a porção de polenta com rabada desfiada, que pareceu muito apetitosa.

Quarta de manhã fomos dar uma volta na Praça Mauá para ver como havia ficado após a Copa (passamos lá um pouquinho antes da Copa, em 2014). Ficou bem legal, mas ainda falta um movimento. Poderiam montar um espaço com bares e restaurantes, a exemplo da Estação das Docas em Belém. Antes de nos dirigirmos até Botafogo para explorar os bares da região, passamos para tomar uma caipirinha no Quiosque Terra Vista, em Ipanema, que tem uma das melhores que eu já provei.

Demos uma circulada pela rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, que muitos afirmam ser o mais parecido com a Vila Madalena no Rio, porém não encontramos nenhum boteco digno de nota. Mas seguindo novamente uma dica do Gabriel, fomos até o bar da Cervejaria Hocus Pocus e novamente a dica valeu muito a pena. O lugar é ótimo, as cervejas fantásticas, petiscos deliciosos e atendimento acima da média (a garçonete Gabi é uma atração à parte pela simpatia e alegria).

Foram poucos dias, mas deu pra aproveitar relativamente bem. Pena que não deu pra voltar ao Rio na última vez que estivemos no Brasil. Quem sabe na próxima.

Observações, dicas e considerações:

  • Será que é tão difícil para a rede de transporte público de São Paulo copiar o sistema de vendas de cartões do Rio? Não precisa nem das máquinas automáticas. Basta disponibilizar o cartão para venda nas estações de metrô.
  • O VLT / Tram / Bonde do Rio funciona muito bem, inclusive o sistema com validação do bilhete sem o cobrador. Uma pena que a rede é pequena.
  • Algumas linhas de ônibus do Rio também aboliram os “trocadores” (como se chamam os cobradores no Rio) e têm funcionado. Novamente, parece que só São Paulo não consegue (ou não quer) adotar algumas coisas que dão certo em praticamente todo o mundo no seu sistema de mobilidade urbana.

Be happy 🙂

Samba do Trabalhador – Renascença Clube

Bar do Momo – Tijuca

O supreendente bolinho de arroz do Bar do Momo (surpreendente para mim, que acho o petisco sem graça)

Guacamole de Jiló: este sim supreendente! – Bar do Momo

Bar Varnhagen – Tijuca

Porção mista de bolinhos do Bar Varnhagen – Tijuca

Torresmo do Café e Bar Aldila – Tijuca

Cantinho do Céu – Tijuca

Porção de Torresmo do Bar da Gema – Tijuca

Bar da Gema – Tijuca

Flamengo

Flamengo

Pier Mauá

Hocus Pocus DNA – Botafogo

Quiosque Terra a Vista – Ipanema

Wanderlust #30 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

RJ 01Existem cidades que são muitas dentro de uma. Estas cidades são impossíveis de se conhecer em apenas alguns dias, eventualmente mesmo algumas semanas são pouco e você é “obrigado” a voltar várias vezes para poder conhecer todas as faces delas. São Paulo é assim, Berlin também é. Mas o Rio talvez seja a principal delas. Existe o Rio de Janeiro das paisagens de tirar o fôlego, o Rio das praias populares, o Rio das praias isoladas, o Rio histórico, o Rio desportista, o Rio da ostentação, o Rio da periferia, e por ai vai.

Desta vez (minha quinta vez na cidade), mesmo antes de saber que o tempo estaria ruim, tinha combinado com os amigos que seria o “Feriado do Samba”, ou seja, desta vez iriamos conhecer (ou rever, em alguns casos) o Rio do Samba. Mas não aquele samba da Lapa/Rio Scenário. Iriamos aos redutos do samba de raiz.

Bar do Bacana

Bar do Bacana

Mas antes de iniciar resolvemos pegar um bar “de leve” na sexta feira, para não acordarmos estragados no sábado. Fomos caminhando de Ipanema até o Leblon para fazer um “happy hour” no Bar do Bacana, que é do mesmo dono da rede Belmonte, famosa por suas empadas. Para não parecermos muito paulistas, é claro que pedimos cerveja Antárctica (que era minha preferida há uns 20 anos atrás). Como tiragosto (ou tiragoxxxto), uma porção de batatas fritas da casa, que eram acompanhadas de tiras de linguiça calabresa frita e cobertas por queijo. Fica a dica para algum bar “copiar” em SP. Como é comum no Rio e infelizmente incomum em SP, não deixamos de pedir uma porção de um suculento torresmo. E ai cerveja vai, caipirinha vem e a proposta de “tomar de leve” tinha ido para o brejo. Ainda bem que começamos cedo, então voltamos cedo para o ap para podermos descansar para a maratona dos outros dias.

Madureira...

Madureira…

No outro dia, tomamos um café da manhã bem reforçado para encararmos a Portela na parte da tarde (até à noite). Não tenho costume de ficar andando muito de táxi ou alugar carro quando viajo porque acho que você perde boa parte da experiência social local se “isolando” dentro de um veículo particular. Ainda bem que os amigos encaram numa boa e toparam ir até Madureira de metrô e trem. Eu tenho muitas horas de trem nas costas por ter morado na Z/L quando a linha vermelha ia somente até o Tatuapé e também por ter sido office boy. Mas os amigos sempre acham engraçado o comércio ambulante, que vende desde balas até eletrônicos dentro dos vagões. Inclusive lá a vida é bem mais fácil para os ambulantes e aqui em SP também podiam “fazer vista grossa”, já que eles mesmo não entram quando está muito cheio e se organizam para não entrarem muitos de uma vez no vagão.

RJ 04Depois de uns 30 minutos de trem (e 4 chocolates baton por 2 reais) chegamos em Madureira e caminhamos por uns 10 minutos até a quadra do GRES Portela. A quadra é bem grande e muito bem montada. É feita para turista, com camarotes e áreas reservadas, mas diferente da Rosas de Ouro, em São Paulo, mesmo dando uma atenção aos turistas não perdeu a essência e não virou balada. Ainda é escola de samba, tanto no que diz respeito ao som e à presença em peso da comunidade, quanto pela ausência de “ostentação” por parte dos visitantes. E foram quase 8 horas curtindo várias atrações, como Velha Guarda (com a presença do Seu Monarco), Portelinha, Grupos de Samba, Dominguinhos do Estádio, entre outros. Recomendo!

No domingo  como o programa era à partir das 17:00hrs, deu para “pegar uma praia” de manhã e para isto fomos caminhando pela orla até o Leblon. Como praia mesmo não ia dar, apenas sentamos e ficamos por ali conversando, fumando e tomando umas cervejas (desta vez de leve mesmo).

RJ 05Depois do almoço era hora de encarar outra maratona de metro e trem, desta vez até Olaria, para visitar novamente a quadra do Cacique de Ramos. De domingo o trem é meio complicado pois os intervalos podem chegar até 1 hora. Talvez devessemos termos ido de BRT, já que existe uma estação ao lado da de trem. De qualquer forma conseguimos chegar, pegar um balde de cerveja e finalmente consegui comprar minha camisa do Cacique. Mas devido o feriado, em cerca de 30 minutos o local estava cheio, o que tornava a ida ao banheiro ou ao bar uma missão das mais difíceis e praticamente impedia de ouvir o som, já que estávamos longe e com muito mais gente tem muito mais barulho. Como não valia muito a pena ficar, tomamos mais um pouco e fomos embora relativamente cedo, não antes sem notar que boa parte das pessoas que estavam lá também haviam estado na Portela no dia anterior e que muitas eram de São Paulo (a gente percebia pelo sotaque e por vestirem camisas de escolas ou times de São Paulo). Ainda quero visitar o Rio durante a semana para pegar a roda do Cacique que acontece às quartas. Deve ser mais confortavel e mais raiz.

RJ 06Na volta a Ipanema, um pit stop no Belmonte para umas empadas e alguns chopps e toca dormir para aproveitar a segunda feira de feriado.

O tempo não melhorou na segunda, mas ao menos deu uma esquentada e a possibilidade de chuva era bem pequena, então fomos andar novamente desta vez sentido Arpoador. Acho que em todas as outras vezes que eu fui à cidade eu me programei para assistir o por do sol no Arpoador e no fim, enrolado em outros passeios, acabava perdendo e não conhecendo esta praia. Desta vez não iria rolar pôr do sol mesmo, então aproveitamos para apreciar uma das mais belas vistas da cidade. Depois paramos em um quiosque em Ipanema para mais algumas cervejas.

Samba do Trabalhador: atualmente a melhor samba de roda do Brasil

Samba do Trabalhador: atualmente a melhor samba de roda do Brasil

À tarde, toca para o Andaraí para curtir uma das melhores rodas de samba da cidade: Moacyr Luz e seu Samba do Trabalhador, que ocorre em todas as segundas (nesta era feriado, mas ela acontece principalmente quando não é) há mais de dez anos no Renascença Clube e já foi aclamada nos últimos três anos por vários veículos de imprensa, bem como por outros artistas como sendo a melhor roda de samba do Rio. Digo até mais: é uma das melhores do país (eles tocam regularmente em São Paulo também) e o recente disco deles também é um dos melhores discos de samba lançado nos últimos 5 anos. E é samba mesmo: violão, violão de sete, dois cavacos, pandeiro, cuica, surdo, prato e faca. Nada de bateria, baixo e teclado (nem na roda e nem no CD).  Os músicos vão se revezando puxando sambas e como cada um do grupo tem um gosto e uma formação diferente na música, dá para ouvir desde Noel Rosa até versões de MPB, todas com a roupagem do grupo. Para abrilhantar mais a roda, na primeira parte eles contaram com a presença da fantástica Teresa Cristina e na segunda parte, além de participações desta, algumas canjas de Toninho Geraes. Devido ao feriado o Rena encheu rapidamente, formando fila de espera, e novamente notamos que muitas das pessoas que estiveram na Portela e no Cacique também estavam nesta roda. Uma roda que fechou o feriado com chave de ouro e quase me fez comparecer em um bar em São Paulo onde eles estariam tocando na três dias depois.

Clube Renacença lotado, especialmente de paulistas!

Clube Renacença lotado, especialmente de paulistas!

O fim de semana foi muito bom, só faltando um pouco de sol mesmo, mas o Rio, assim como as outras cidades que eu citei no início, tem um problema sério: cada vez que você vai à cidade volta com uma lista maior de coisas para fazer na próxima visita do que você tinha na ida.

Observações, dicas e considerações:

  • Como tinha gente de São Paulo nos sambas! Mas também tinha muita gente de Santos-SP (da outra vez que eu fiu no Cacique também) e de Curitiba afim de curtir este Rio do Samba. Imagino até que as agências de turismo já estejam oferendo pacotes deste tipo.
  • Tirando a Portela, que é feita para receber turista, o Cacique e o Renascença são clubes menores e ainda pouco preparados para receberem uma leva grande de pessoas. Por isto se a intenção é conhecer algum dos dois, prefira um final de semana sem feriado (e no caso do Cacique um domingo em que não ocorra a feijoada).
  • As estações de trem estão sem identificação, e alguns trens não anunciam a próxima estação. Para “ajudar” aos finais de semana algumas linhas que correm trechos sobrepostos alternam as paradas. É bom perguntar na estação sobre as paradas que o trem vai fazer e ficar atento para não descer errado.
  • Aos domingos é bom tentar checar os horários de trens (o Google ajuda com isto e tem também o site da Supervia, a operadora do sistema de trens do Rio) e se programar para chegar na estação com antecedência.
  • Em todos os lugares, inclusive na Zona Norte, tinham muitos policiais e uma sensação de segurança que não se tem em São Paulo
  • No domingo do Cacique rolou Fla x Flu e o trem passou pela estação Maracanã exatamente após o final do jogo. Subiram hordas de Flamenguistas no vagão e depois entra um Tricolor enrolado em uma bandeira. A viagem transcorreu na maior paz, sem nem provocações ou mesmo grupos cantando gritos de guerra. O carioca sabe aproveitar mais o futebol sem transformá-lo em guerra.

Be happy 🙂