
Se você mora em São Paulo, curte cerveja e boa comida e nunca foi ao Bar do Luiz, você está cometendo um pecado. E se você mora na Zona Norte, mesmo que não seja chegado em botecos e ainda não conhece o BDL, está cometendo um crime (passível de cassação da sua cidadania “zona-norteana”). Parafraseando o Mário Sérgio Pontes de Paiva, este é um verdadeiro boteco, na acepção da palavra.
Vamos a um pouco de história: este simpático boteco, que fica na Rua Augusto Tolle, 610, no Bairro de Santana, me foi apresentado por um amigo de faculdade lá pelos idos de 2000 (tenho que agradecer ao Luis Fernando, vulgo Batata!). À época, era bem menor do que é hoje, ocupando somente o salão da esquina com a Rua Ulisses Esteves Costa. Salão este que deve ter uns 40 metros quadrados. Além do salão, onde existia o balcão com os acepipes e as geladeiras com cervejas, as mesas (aquelas dobráveis de metal típica de botecos) eram dispostas na calçada e, após o fechamento do estabelecimento que ficava ao lado (acho que era uma loja de roupas, imóvel mais tarde adquirido e anexado ao bar), na garagem e na calçada deste.
O que mais me chamou a atenção na primeira vez que eu fui, era que tanto o Seu Luiz, quanto seu filho, o Edu, e todo o pessoal que lá trabalhava, conheciam meus amigos pelo nome ou apelido (ou ao menos o time para o qual torciam), o que trazia um tratamento mais “pessoal”. Além disto, na época, quando você se sentava em uma mesa, recebia uma “comanda” (na verdade apenas um pedaço de papel) e um lápis, pois você mesmo era o responsável por anotar o seu consumo, o que criava um clima de confiança entre a casa e seus fregueses.

Seu Luiz e Dona Idalina
Tirando a “auto comanda” e o espaço físico (hoje já totalizam 4 imóveis na mesma esquina, sem contar outros 2 estabelecimentos e um quiosque na praça de alimentação de um supermercado da região), pouca coisa mudou desde então e os clientes frequentes ainda são recepcionados pelo Edu, que faz as vezes de “cicerone” da casa enquanto serve as mesas (toda a família mete a mão na massa!), e chamados por ele e pelos garçons pelo nome (ou apelido, conforme o caso) e o tratamento é recíproco por parte dos clientes, que tratam os garçons pelo nome (isto quando não existe um tratamento mais íntimo e reciproco como: o corno, o viado, etc….hehehe), o que cria este clima de pessoalidade e intimidade.
A cerveja é sempre gelada (nunca, mas nunca mesmo a cerveja não estava boa, e já devo ter ido lá mais de 100 vezes), o balcão de petiscos oferece uma imensa variedade de acepipes, desde os mais comuns (frios, azeitonas, ovo de codorna) até os mais “hards” (moela de frango, figado de frango e figado de boi) e as batidas preparadas pelo Seu Luiz são uma atração à parte (sugiro a meia de seda e a de amendoim, disponíveis inclusive em garrafas de 1 litro para viagem).
Talvez a principal atração da casa (além do atendimento) seja a “carta de bolinhos” da Dona Idalina, a matriarca da família, já conhecida e premiada por vários veículos (Veja SP, Folha de SP, Revista da Folha, etc) e eventos (Comida de Boteco, Boteco Bohemia, etc): Bolinho de Carne (o mais tradicional), Surpresa da Dona Idalina, Bolinho de Bacalhau, entre outros.
Um outro ponto que eu acho interessante: este foi um dos primeiros bares a extinguir os 10% obrigatórios já cobrados na conta. Acho esta atitude bastante inteligente, pois “força” o bom atendimento por parte dos garçons (que aqui existiria mesmo sem este artifício) e o cliente, quando bem atendido, acaba oferecendo mais do que os tradicionais 10% de gorjeta, o que é bom para os funcionários do bar.

Garçons que tratam e são tratados pelo nome. Este é o Tim.
Além de tudo, o Bar do Luiz, além dos outros estabelecimentos (BDL Cervejaria, BDL Grill e BDL do Andorinha), também é responsável por organizar a maior festa de um bar no Brasil, festa esta que acabou por substituir o Boteco Bohemia, se tornando, inclusive, bem maior do que sua precursora.
Talvez o único problema do BDL (como carinhosamente é chamado pelos frequentadores assíduos) seja gerado pela obsessão pelo bom atendimento: por mais que o bar esteja cheio, nunca vão dizer que você terá que esperar para ser atendido ou que não podem receber ninguém pois a casa está lotada. Vão dar um jeitinho, apertar umas mesas aqui, mover outras acolá, ou ao menos, acomodá-lo no balcão enquanto vaga uma mesa, o que acaba gerando uma superlotação nos dias mais movimentados (happy hour de quarta a sexta e horário de almoço do sábado), o que faz com que fique difícil para os garços e os clientes se movimentarem e acaba por reduzir um pouco a qualidade do atendimento (mas a cerveja ainda virá sempre gelada!).
Para evitar isto, sugiro chegar cedo e pegar uma mesa na calçada. Outra dica é: vá de transporte público. Pegue o metrô até a estação Santana do Metrô e de lá, tome um táxi ou a linha 1756 – Pedra Branca, que leva 10 minutos e passa na frente do bar.
Apesar de eu ser meio suspeito para falar do BDL, nenhuma das pessoas às quais apresentei ou sugeri o bar teve uma mínima reclamação dele, muito pelo contrário, sempre ouço elogios e agradecimentos.
Onde: Bar do Luiz Fernandes (Rua Augusto Tolle, 610 – Santana – SP)
Quando: 25/01/2014
Bom: atendimento, petiscos e cerveja sempre gelada
Ruim: alguns dias fica muito lotado, o que diminui um pouco a qualidade do serviço
Site: http://bardoluizfernandes.com.br
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