Segundo o prefácio, escrito pelo próprio autor, Kurt Vonnegut sempre quis escrever um livro baseado na sua história pessoal como prisioneiro de guerra em Dresden, durante a segunda guerra mundial. A experiência foi marcante pois ele estava na cidade quando esta, já no final da guerra, sofreu um intenso bombardeio, considerado por muitos totalmente desnecessário àquela altura do conflito.
Ao procurar um antigo companheiro para colher informações sob outra perspectiva, prometeu à mulher deste que não escreveria um livro “heróico” e não “glamourizaria” a guerra. E assim o fez com maestria: criou uma estória que mistura alguns fatos e personagens reais com ficção, jogando na cara todo horror presenciado por quem esteve no front de batalha, em contraste com a tendência de romantizar a guerra que normalmente ocorre com quem as promove (oficiais, políticos, etc.). E sendo um livro do Vonnegut, não poderia faltar muita ironia e humor.
Porém é aquele humor que faz você sentir vergonha de ter achado engraçado, e isto foi feito propositalmente pelo autor ao criar como personagem principal Billy Pilgrim, um oftalmologista (optometrist em inglês) que é um personagem muito caricato. Além disto a estória de Billy ainda traz à tona as agruras posteriores (ou anteriores, bem, o tempo não existe) a este evento tão traumático.
É um livro maravilhoso, daqueles que dá aquele aperto no peito, uma angústia, que a gente não consegue explicar direito porque. Para mim junto com Nada de Novo no Front, do Erich Maria Remarque, e com Maus, do Art Spiegelman o livro forma uma trilogia espetacular sobre guerras. E Kurt Vonnegut já está entrando na minha lista de autores favoritos.
So it goes.
Be happy 🙂