Ao dezoito anos, o autor viveu de perto as agruras da guerra lutando nas trincheiras alemãs durante a primeira guerra mundial. A guerra deixaria marcas em sua vida (inclusive físicas) que o levaram a tomar notas do que viu e viveu durante seu periodo lutando no front.
Estas anotações viriam a se tornar o romance “Nada de Novo no Front”, considerado uma das mais importantes obras pacifistas de toda a história. As obras de Remarque, que trazem a faceta real e nada gloriosa dos conflitos armados, lhe renderam diversos problemas durante a ascenção de Hitler, que culminaram no seu exílio e até na perda da cidadania alemã.
O livro conta a história do jovem Paul (que poderia ser o próprio Remarque) que, convencido por seus pais, professores e pela sociedade, se alista para lutar pelo exército alemão na primeira guerra e acaba chegando na frente oeste de combate.
A realidade nada glamorosa da guerra é exposta em várias estórias (ou histórias?) que são narradas por Paul, onde eles e seus amigos estão mais preocupados em não morrer de fome e ao menos resistir às várias agruras (além da guerra em sí, às doenças) para tentar voltar para uma vida que eles nem sabem qual é, já que, nesta idade, os sonhos foram todos abandonados.
Apesar de Paul estar sempre disposto a continuar lutando, não consegue entender (como ninguém consegue) o motivo da guerra e qual o seu propósito.
“…uma declaração de guerra deve ser uma espécie de festa do povo, com entradas e músicas, como nas touradas. Depois, os ministros e os generais dos dois países deveriam entrar na arena de calção de banho e, armados de cacetes, investirem uns sobre os outros. O último que ficasse de pé seria o vencedor. Seria mais simples e melhor do que isto aqui, onde quem luta não são os verdadeiros interessados.”
Uma das partes mais tocantes do livro é o momento em que, acuado e isolado em uma trincheira, Paul se vê forçado a matar um soldado francês com sua baioneta e pela primeira vez tem a oportunidade de verificar que aquele soldado é alguém como ele, que também tinha seus medos, tinha seus anseios, uma familia, ou seja, que também é um humano que está ali lutando por algo que não é seu. Assim que consegue fugir e ser resgatado, aquele ser humano deixa de existir e Paul volta a ser o “animal” que quer antes de tudo sobreviver, mesmo não tendo razões para isto.
Um dos melhores livros com a temática de guerra que eu já lí.
Be happy 🙂
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