Wanderlust #21 – Havana, Cuba

123 Parque Central - Centro Habana - Havana - Cuba

Os tradicionais táxis cubanos na Plaza Central

Havana é a maior e mais populosa cidade cubana, com cerca de 2 milhões e meio de habitantes (quase 25% da população do país). Também é sua capital política, cultural e econômica. A cidade foi fundada oficialmente em 1519 e é, assim como a maioria das grandes cidades do continente americano, um verdadeiro caldeirão cultural, devido à chegada ao longo da história de povos de diversas origens, sendo a maioria espanhóis (os colonizadores) e africanos (que chegaram como escravos), mas também contando com pessoas de ascendência européia (italianos e ingleses) e até pequenas comunidades chinesas, árabes e israelitas.

052 Plaza de La Revolucion - Havana - Cuba

Plaza de La Revolucion

No primeiro dia planejamos caminhar por Vedado e Centro Habana. Pegamos a Avenida Paseo, onde ficava o hotel e seguimos em direção à Plaza de La Revolucion, que fica no final desta avenida. Antes porém desviamos um pouco o caminho para visitar o Parque Lennon, erguido em homenagem ao Beatle. Fidel sempre foi muito fã dos Beatles e sempre os considerou socialistas (?!?!?). Depois de nos perdermos um pouco conseguimos chegar à Necrópolis Cólon. Já não sou muito chegado em cemitérios, ainda mais tendo que pagar 5 pesos, então nem entrei. Mas valeu a pena “se perder” para andar em meio a bairros não turisticos de Vedado.

Sorveteria Coppélia: um dos melhores que eu já tomei!

Sorveteria Coppélia: um dos melhores que eu já tomei!

Resolvemos então voltar para a Avenida Paseo e continuar até a Plaza de La Revolucion, talvez o ponto turístico mais conhecido de Cuba. Depois de algumas fotos, seguimos pela Avenida de Los Presidentes até a Avenida 23, a principal avenida comercial de Havana. Nesta avenida se encontra o Parque Coppelia, onde fica a sorveteria Coppelia. Você não pode ir à Cuba e não tomar um sorvete da Coppelia (existe uma Coppelia na maioria das grandes cidades cubanas). Depois de pagar R$ 0,12 por um dos melhores sorvetes da sua vida você vai demorar muito tempo para pagar R$ 10,00 num Häagen Dazs.

A Avenida 23 termina no Malecon, bem onde fica o belo e imponente Hotel Nacional, onde as autoridades internacionais se hospedam quando estão em Havana.

Hotel Nacional

Hotel Nacional

A parte central de Havana, que é a mais turística, não tem praia e fica numa encosta de pedras. Ao longo da costa existe uma larga avenida, e entre esta avenida e a costa, um largo calçadão e uma mureta, que é muito usada para pesca e por casais de namorados.  Este conjunto “avenida + calçadão + mureta” é o famoso Malecon.

Durante o percurso de 1 kilômetro até a Avenida de Itália, que nos levaria até Centro Habana, notamos que vários prédios foram ou estão sendo reformados. Mais tarde soubemos que a  UNESCO está patrocinando a restauração dos bairros La Habana Vieja e Centro Habana. Porém, ao mesmo tempo que notamos que muitos prédios ao longo do Malecon estão novinhos (mas mantendo a arquitetura original), deu pra ver, andando à pé, que a parte que os turistas não enxergam de carro ou ônibus, ainda está muito deteriorada.  Quando pegamos a Avenida de Itália tinham alguns prédios que davam até medo de andar debaixo de suas marquises, com medo de algum pedaço desabar.

Capitólio - versão genérica do americano.

Capitólio – versão genérica do americano.

Seguimos pela Avenida de Itália até Centro Habana, onde podemos ver o Capitólio, o Gran Teatro de la Habana, o Hotel Inglaterra, entre outros prédios restaurados ou em frangalhos, existentes no bairro. Conhecemos também o Parque Central e o Paseo  de Marti e então resolvemos parar para “almoçar” no ótimo Prado y Neptuno, que além de ter uma boa variedade de pratos típicos e internacionais, também tem um preço bastante atrativo.

Após a “almojanta” resolvemos caminhar os 5 kilômetros de volta ao hotel pelo Malecon. Somando com o que tinhamos andado durante todo o dia creio que chegamos nos 20 kilômetros caminhados. Como já era fim de tarde quando chegarmo próximos ao hotel, esperamos para ver (e fotografar) o por do sol da mureta do malecon. E já que haviamos desembarcado no hotel na madrugada do dia anterior e tinhamos andado bastante durante o dia, resolvemos comprar umas cervejas na loja de conveniência que tinha em frente ao hotel e ficar por lá mesmo.

Por do sol visto do Malecon

Por do sol visto do Malecon

No segundo dia, pegamos um Cocotáxi e fomos até o Callejón de Hammel, que é uma viela que virou uma galeria de arte a céu aberto, muito pela iniciativa do artista Salvador González, que montou ali seu ateliê, o que acabou trazendo alguns outros artistas para a região.

Depois caminhamos uns 30 minutos até La Habana Vieja. Preferimos não entrar no Museo de la Revolución para não perder muito tempo e já seguimos para as ruazinhas estreitas no miolo da parte mais antiga de Havana. Passamos na Plaza de La Catedral e fomos até o La Bodeguita del Medio tomar o famoso mojito, que era o preferido de Ernest Hemingway, quando este viveu na cidade. Continuando o passeio pelo antigo bairro, passamos pelo Castillo de la Real Fuerza, Plaza de Armas e paramos para tomar outro ótimo sorvete (pqp!! Como eles são bons em fazer sorvete!!!). Depois passamos pela Plaza de San Francisco e, felizmente, caimos sem querer na Plaza Vieja, uma praça que foi toda reformada (dentro do projeto da UNESCO) e que conta com prédios históricos, bares e restaurantes no seu entorno.

Callejón de Hammel - a cultura afro cubana é muito parecida com a afro brasileira

Callejón de Hammel – a cultura afro cubana é muito parecida com a afro brasileira

Decidimos também meio que sem querer sentar em um dos bares e qual não foi a surpresa ao descobrir que este “bar” é a Cerveceria Plaza Vieja, uma cervejaria artesanal (talvez a única) cubana. Que além de ter uma cerveja muito boa, ainda tinha um preço muito em conta. Aproveitamos para tomar cervejas e almoçar e já programamos de voltar no outro dia à tarde para o happy hour do último dia na cidade. Depois da cerveja tomamos um velho Ford Fairlaine conversível para voltar para o hotel, pois à noite iriamos assistir um show dos Tradicionales de los 50, que são alguns artistas cubanos, no estilo “Buena Vista Social Club”. Na saída do show, demos a sorte de pegar um Chevrolet Bel Air da década de 50 para voltar ao hotel.

Linha de produção de mojitos em La Bodeguita del Medio

Linha de produção de mojitos em La Bodeguita del Medio

No terceiro dia, resolvemos seguir sentido contrário de La Habana Vieja e conhecer o pouco turístico bairro de Miramar, que é algo que poderiamos considerar a área nobre de Havana (inclusive lembra muito os EUA). Antes da revolução, este bairro era o local onde as pessoas ricas de Cuba e onde os estrangeiros tinham suas residências. Após a revolução, as casas foram abandonadas (muitos ricos fugiram para os EUA) e retomadas pelo governo, assim como as que eram propriedades de estrangeiros. Hoje em dia, boa parte das enormes casas foram transformadas em representações diplomáticas (contei umas 15 embaixadas ou consulados), escolas ou locais para atendimento à população.

Miramar e suas belas e enormes casas

Miramar e suas belas e enormes casas

É um bairro muito bonito para uma caminhada e, excetuando-se os velhos táxis lada (na área mais turística de Cuba, composta por La Habana Vieja, Habana Centro e Vedado, a grande maioria dos táxis ou são os carros americanos antigos restaurados ou então Hyundais novos) você poderia achar que está no subúrbio de alguma cidade dos EUA. Ou mesmo no Jardim Europa, em SP.

Caminhamos uns 5kms no bairro até chegarmos ao Acuário Nacional. Ele não é tão grande e acabei por não ver os shows dos leões marinhos ou dos golfinhos, mas é até interessante para ver um pouco da fauna marítima cubana. Se for passar mais de 3 dias na cidade, compensa. Depois disto pegamos um  táxi Lada para irmos para o Happy Hour programado na Cerveceria Plaza Vieja, o que acabou por derrubar a boa impressão que tinhamos tido no dia anterior.

Cerveceria Plaza Vieja - duas experiências totalmente opostas

Cerveceria Plaza Vieja – duas experiências totalmente opostas

O cardápio que nos trouxeram tinha preços bem maiores que o cardápio do dia anterior (um hamburguer tinha “aumentado” de 2 para 6 CUCs!!!). Questionamos a garçonete sobre as diferenças e ela inventou que existia um “cardápio social e um informal”. Eu até concordo que os “locais” devem pagar menos do que os turistas, mas para isto Cuba já conta com duas moedas distintas. Na verdade o preço ali era cobrado pela cara do cliente (como acontece muito no nordeste do Brasil). Depois disto o atendimento foi simplesmente péssimo e acabou por estragar um pouco uma viagem que tinha sido perfeita até ali.

Mas felizmente nada que apagasse a ótima experiência de conhecer Cuba, um país muito diferente dos que eu já visitei e com um dos povos mais calorosos e receptivos que eu já tive o prazer de conhecer.

Observações, dicas e considerações:

  • Tomara que no processo de restauração da parte central de Havana não ocorra, ao mesmo tempo, um processo de gentrificação. O que eu acho difícil até porque, em teoria, todos os imóveis são do Estado e eles podem realocar os moradores como bem entenderem. Podem simplesmente retirá-los de lá para as reformas, colocá-los em outros lugares e, após as reformas, cederem o espaço a outras pessoas.
  • O Capitólio é uma cópia em tamanho reduzido da sua versão americana. Mais uma prova da influência americana em Cuba.
  • O Cocotáxi é uma transporte que lembra bastante os riquixás chineses e os rickshaws indianos, com a diferença de não ser tração humana. É uma pequena moto (imagino eu que uma scooter) que tem um “cockpit” onde cabem 2 ou 3 pessoas sentadas, dependendo do modelo. Como o formato da maioria é arredondado e a cor oficial dos táxis em Cuba é amarelo, ele foi apelidado de Cocotáxi (o coco fresco, que conhecemos aqui como “coco verde”, pois é verde mesmo, em Cuba é amarelo).
  • A maioria dos músicos do projeto “Buena Vista Social Club” já são falecidos. Então não caia no “conto” de assistir a um show deles (nem lá e nem em lugar nenhum), pois vai ser só uma imitação. O filho de um dos músicos montou um novo grupo e faz shows na cidade e uma “franquia” excursiona pelo mundo. Se for só para curtir uma reunião de artistas cubanos, o show dos Tradicionales vai ser mais divertido, além de ser o “underground” e não o pop da música cubana das décadas de 50 e 60.
  • O bairro de Vedado tem este nome pois no final do século 19 e início do século 20 a construção de prédios, ou mesmo casa com mais de um andar era “vedado” por motivos de segurança (para permitir a visualização de qualquer tentativa de invasão de Cuba através do mar por aquele ponto)

Be happy 🙂

375 Plaza Vieja - La Habana Vieja - Havana - Cuba

Funcionário do mês

414 Passeio de Ford Fairlane - Havana - Cuba

Ford Fairlane

435 Sociedad Cultural Rosalia de Castro - La Habana Vieja - Havana - Cuba

Los Tradicionales de los 50

465 Passeio de Chevrolet Bel Air - Havana - Cuba

Chevrolet Bel Air

616 La Habana Vieja - Havana - Cuba

Cuba és amor!

216 El Malecón de Cocotaxi - Havana - Cuba

Cocotáxi

 

Uma ideia sobre “Wanderlust #21 – Havana, Cuba

  1. Pingback: Wanderlust #22 – Cuba: observações, dicas e curiosidades | Botecoterapia

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s