Talvez por não ter tido aparelho de TV em casa até cerca de 12 anos e, após disto, por preferir outras formas de entretenimento, eu nunca tive muita dimensão da importância para a TV brasileira e nunca achei muita graça tanto na TV Pirata quanto no Casseta & Planeta (e mais recentemente com o Pânico na TV). Como estes programas usam a própria programação da TV como base para seu humor, quem não acompanha regularmente a programação televisiva fica perdido.
Apesar de não ser um leitor de biografias (esta é apenas a terceira que eu leio), resolvi comprar este livro ao vê-lo em uma banca.
Biografias, especialmente as autorizadas, não são meu tipo de leitura preferido, pois o autor, até para poder publicar, ter acesso às fontes, aos amigos do biografado, etc tende a dar um foco maior nas virtudes (isto quando não aumenta, elevando o biografado quase ao posto de santo ou herói, como na biografia do Lobão), enquanto releva a segundo plano, ou miniminiza suas as falhas.
No caso em específico da biografia de Claudio Besseman Vianna, mais conhecido como Bussunda, o autor não precisou relevar ou minimizar as falhas, já que eram elas que compunham este “personagem da vida real”: a falta de compromisso, a vadiagem, a falta de responsabilidade.
É claro que alguns dos feitos, bem como o caráter dele, deve ter tido uma maquiagem, mas pelo pouco que vi de suas colunas ou entrevistas, não parece que neste caso o autor precisou “inventar” muita coisa para o biografado ficar “bem na foto”.
O livro conta a história de Bussunda desde o nascimento, passando pela adolescência “complicada” (“gastava” os dias na praia, jogando sinuca, fazendo literalmente nada), a juventude na universidade, onde viria a conhecer alguns dos membros do futuro grupo e a contratação dos dois grupos (Casseta Popular e Planeta Diário, que viriam a se unir e virar o Casseta & Planeta) como redatores da TV Pirata. Tudo isto bem na virada entre o fim da ditadura militar e o início da democracia.
À partir deste ponto, a história de Bussunda, do próprio grupo (ou grupos) e do humor na TV brasileira meio que se fundem e, além da história do próprio “personagem”, o livro também vale a pena para entender um pouco do que acontecia nos bastidores da TV, que à esta altura estava perdida, já que havia ficado anos sob regime de censura.
Para quem gosta de biografias ou quer apenas uma leitura leve, sem nada muito denso, é um bom livro.
Pingback: O Sári Vermelho – Javier Moro (01/2015) | Botecoterapia