Antes de tudo queria te agradecer por você reforçar meus princípios de aceitar e tratar a todos com dignidade e respeito, independente de credo, etnia, gênero, classe social, idade ou qualquer outra coisa. Talvez esta seja a melhor lição que você dê para o mundo.
Você poderia ser cinza, mas deixa seus prédios e trens serem coloridos por grafites e “lambe lambes” que te deixam mais charmosa. E deixa que suas colunas e pilastras nos apresente sua poesia. Eu não entendo muitas delas, mas ao entender algumas palavras, eu consigo “senti-las”.
Você poderia ser barulhenta, mas permite que a música flua por suas vias e trilhos, através de centenas de artistas, muitos deles que tocam só pelo prazer de tocar.
Obrigado por tudo isto!
Obrigado pelos vários sorrisos que seus cães preguiçosos, esparramados no chão dos vagões do seu metrô e trem, “arrancaram” de mim.
Obrigado por suas crianças não terem medo de “estranhos” e sorrirem para eles.
Obrigado por seus adultos que falam com estranhos, e quando descobrem que eles vêm do Brasil fazem questão de pagar cerveja para estes estranhos. Aliás, obrigado por gostar tanto da minha terra!
Obrigado por seus velhinhos estarem ansiosos para ajudar alguém que eles imaginam estar perdido, só por estarem segurando um mapa na mão. E obrigado por eles se esforçarem para te entender e se fazerem entender, mesmo que eles não falem uma única palavra de uma língua da qual você têm mais conhecimento.
Obrigado por estes mesmos velhinhos estarem dispostos a conversarem com você no metrô, nos parques, nas cervejarias e, vendo que você está tentado aprender o seu idioma, se esforçarem para te ajudar e te corrigir, com toda a gentileza do mundo.
Obrigado por suas centenas (milhares?!?) de padarias. Eu não fiquei chateado por elas não terem coxinha. Mas você até conseguiu me arranjar coxinhas!!!!!
Obrigado pelo seu sistema de transporte, que apesar de antigo e às vezes mal cuidado, é eficiente, como tudo que você faz, e te leva para qualquer lugar que se deseje ir. E obrigado por ele funcionar 24 horas aos finais de semana e vésperas de feriado.
Obrigado pelo pão com Nutella no café da manhã. Você me acostumou mal e acho que isto será um hábito para mim daqui por diante.
Obrigado por me ensinar a pegar comida para viagem no almoço, só para me sentar num banco de um parque, ou mesmo na grama, debaixo de uma árvore, e fazer deste momento mais do que simplesmente “se alimentar”.
Obrigado por suas mesas coletivas nos restaurantes, bares e Biergartens, que além de nos ensinarem a conviver mais fora da nossa “concha”, faz com que conheçamos pessoas fantásticas.
Obrigado por suas mulheres despojadas, que em outros lugares seriam taxadas de deselegantes, só por se vestirem confortávelmente e abdicarem de maquiagem, roupas apertadas e salto alto em nome da praticidade, mas que nos fazem perceber que a beleza natural é a melhor de todas. E obrigado por elas passarem por nós em suas bicicletas, geralmente com um buquê de flores no cesto.
Talvez você não goste muito dela, pois ela te traz lembranças de um passado ruim que talvez você queira esquecer, mas obrigado pela Fernsehnturm, que é como uma bússola quando se está perdido dentro de você. Basta achá-la que você se localiza.
Obrigado também pela Karl-Marx-Alle. Você talvez não goste dela também, pois ela lhe foi imposta por idiotas que queriam mostrar para o mundo o quanto são “poderosos”. Mas mesmo assim, ela é bela e fascinante.
Obrigado por me ensinar a andar sempre olhando pro alto, esperando alguma surpresa aparecer.
Obrigado pelas três semanas de muito calor, muitas vezes acima dos 31 graus, o que não é do seu costume, e pelas poucas chuvas.
Obrigado pelo que foi, até agora, o melhor domingo que eu tive, primeiramente fazendo o melhor city tour da minha vida, à bordo de um dos seus mais ilustres filhos, o pequeno e simpático Herr Grün Trabi, seguido por momentos fantásticos em um dos seus parques mais simbólicos.
Para que eu não me estenda muito, simplesmente obrigado por ser a cidade que todas as cidades deveriam ser.
Como diz um cara da minha terra: “eu tenho uma porção de coisas para fazer e não posso ficar aqui parado”.
A gente se vê novamente. Quem sabe da próxima vez não seja “para sempre”.
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