O Relojoeiro Cego – Richard Dawkins (16/2016)

o-relojoeiro-cegoApesar da forma sempre contundente com que Dawkins defende suas idéias, especialmente quando instado a debater entre o Criacionismo e o Evolucionismo, é impossível negar que ele se arma de argumentos e dados que fazem com que fique difícil para qualquer debatedor refutá-lo. É claro que nunca será o suficiente para convencer um crente, mas ao menos deixa aquela “pulga atrás da orelha” em alguém que, por mais convicto de sua fé, ainda tem uma capacidade de raciocínio lógico.

Em O Relojoeiro Cego, Dawkins tenta (com sucesso!) desconstruir a teoria do Design Inteligente, que credita a complexidade da vida na terra (e acima de tudo, à existência da terra e de todo o universo) a um ser superior, alegando que o corpo humano, por exemplo, por ser uma “máquina” tão complexa, só poderia ter sido obra de alguma inteligência ou poder superior.

Se for parar para pensar friamente nesta teoria do “design inteligente” chegaremos a conclusão que ele não é tão inteligente assim, através de varios exemplos. Um dos mais fáceis de se compreender é o do sistema alimentar e respiratório humano, que compartilham boa parte de orgãos e, caso fosse “projetado” por um engenheiro iriamos dizer que, no mínimo, o engenheiro foi descuidado ao ignorar o risco de algum alimento se desviar para a via destinada ao ar (o famoso engasgar).

Por outro lado, os defensores do design inteligente, sempre trazem o exemplo do olho humano, que possui uma tecnologia impressionante, mesmo para o atual nível de desenvolvimento da humanidade. Porém, Dawkins traz vários exemplos de diferentes estágios de desenvolvimento de um orgão fotosensor na natureza, desde os mais simples, até chegar no olho humano (ou o do polvo, que também tem uma complexidade parecida).

Dawkins vai bem mais além, explicando em detalhes os pequenos passos que diferentes órgão de vários seres possam ter dado, adicionando pequenas modificações (anomalias) que, se proviam uma certa vantagem sobre os outros seres da mesma espécie que não tinham estas modificações, teriam grandes chances de serem propagadas para as gerações seguintes, eliminando assim, na concorrência pela sobrevivência, aqueles competidores que não tivessem esta pequena vantagem.

Outro ponto interessante que ele traz é a incrível capacidade de armazenamento de informações que uma simples célula carrega. Eu trabalho com tecnologia da informação e nunca tinha feito o paralelo entre o sistema de armazenamento e processamento de um computador, que é binario, ou seja, onde cada “bit” assume apenas 2 possíveis valores (zero e um) com o de uma molécula de DNA, que pode assumir quatro possíveis valores (G, A, T e C). Por exemplo, um par de bits possibilita a construção de 4 combinações diferentes, enquanto um par de moléculas de DNA possui 16 combinações diferentes. Com 3 bits são possíveis 8 combinações diferentes e com 3 moléculas 64 combinações. Um byte, que é o conjunto de 8 bits, normalmente usado para armazenar uma letra, possui 256 possíveis combinações, enquanto um “byte” de moléculas de DNA possui mais de 65 mil combinações (mais de 8 mil vezes mais do que um byte de computador). Como ele disse no livro: em uma célula de um fungo é possível armazenar uma enciclopédia inteira.

Mas falar em números, tamanhos e tempo quando se pensa na natureza é muito complicado para nossa capacidade de entendimento, já que as razões são muito menores ou imensamentamente maiores do que nossa capacidade de abstração permite.

Talvez seja muito difícil para o ego do ser humano admitir que somos apenas uma obra do acaso, que este planeta nao foi “pensado” para nos abrigar e servir e que, devido à esta improbabilidade estatística de que somos fruto, devemos valorizar esta oportunidade única que temos e, principalmente, respeitar esta oportunidade que os outros também estão tendo.

Quem sabe no dia em que entendermos isto, a humanidade como um todo se respeitará e respeitará este planeta e todos os seres que nele habitam.

Be happy 🙂

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