Este foi o primeiro livro em espanhol que eu li e apesar de eu ter conseguido uma leitura fluída, tendo que recorrer poucas vezes ao dicionário (algo que não me espanta, já que consigo assistir até filmes do Almodovar, por exemplo, sem legendas), mesmo assim posso ter perdido um ou outro detalhe.
Mas com certeza não foi nada que tirou o brilho desta estória fantástica. Quando eu escrevi a resenha de “O Amor nos Tempos do Cólera” eu citei que apesar de o livro ser bom, eu tinha criado expectativas muito altas, que acabaram sendo frustadas (mas repito: o livro é bom). Então, desta vez baixei um pouco a expectativa e descobri um livro fantástico (inclusive no sentido de que é uma estória fantasiosa).
Cien Años de Soledad conta a saga da familia Buendia e do povo de Macondo, uma pequena cidade em algum lugar da América Central continental. A história de vida de cada uma das sete gerações dos Buendia se confundem com a própria história do povoado, desde a fundação da cidade pelo patrono da família, até a sua “desaparição” do mapa, ao mesmo tempo em que o último Buendia também morria, passando principalmente pelas Guerras na qual o Coronel Aureliano Buendia se envolve e nas quais acaba envolvendo toda a cidade, e também pelos dias de glória da passagem da Companhia Bananeira, que também encontram paralelo com os dias de glória dos gêmeos “Segundo”.
A estória tem de tudo: fantasia, romance, guerra, pseudo ciência, misticismo, dramas e tragédias. Ainda senti um pouco o problema do Gabo de ficar fazendo muitas idas e vindas no tempo, se preendendo mais ao personagem do que a uma linha cronológica, problema que em “Cien Años” se miniminiza pelo fato da maioria dos personagens ter uma vida “curta” do ponto de vista em que é importante para a estória (com exceção de Úrsula, a matriarca, que acompanhou os 100 anos, os demais personagens tem relevência por no máximo 20 anos), mas por outro lado se intensifica devido à quantidade de personagens e pelo fato dos nomes se repetirem ao longo das gerações. Mas este segundo ponto (repetição de nomes) acho que foi uma brincadeira proposital do autor. Mas que dá um trabalho para ligar os personagens, isto dá, e o interessante é ter uma árvore da família à mão (na edição que eu li, tinha).
O livro tem tantas estórias e aguça tanto a imaginação que durante a leitura eu sempre me perguntava do porque ainda não terem transformado em uma série de TV. E precisaria ser série, com pelo menos uma temporada para cada geração, pois a estória não se comportaria em apenas um filme. E ainda ficava imaginando quem poderia ser o diretor de alguns episódios: o Tim Burton ou o David Lynch para as partes fantásticas, o Quentin Tarantino para as cenas de violência, etc.
Be happy 🙂