Antes de começar com o assunto principal, acho que cabe esclarecer dois pontos nos quais sempre sou questionado quando critico o PT.
O primeiro deles é porque eu critico tanto o PT. Eu também critico os outros partidos. Aliás, eu critico políticos em geral, independente de partido e/ou corrente ideológica. Mas no caso do PT creio que eu critico com mais propriedade e talvez até com mais veemência. Eu posso fazer isto porque na minha juventude eu estive a ponto de me filiar ao partido e cheguei a trabalhar (gratuitamente, diga-se de passagem) nas eleições de 1998 e 2002, fazendo boca de urna e contribuindo com as campanhas através de aquisição de camisas, chaveiros e outros “souvenirs” que eram vendidos para custear a campanha. Não que eu fosse um Marxista e também sempre tive uma certa rejeição à este “esquerdismo sindical” do PT, mas eu havia caido no discurso da ética, do “vamos fazer política de forma diferente”, então eu acho que tenho um pouco de propriedade para falar, pois de certa forma já estive lá dentro.
O segundo ponto é que eu critico muitas coisas que o PT faz e que os outros partidos fazem também (o que é uma meia verdade, pois eu critico tudo aquilo que eu acho errado) ou tenho menos tolerância à desvios de conduta de políticos petistas. Bem, acho que não só eu, mas todos os brasileiros têm tolerância menor com erros do PT. A questão é: eu e muitos outros brasileiros acreditávamos no PT e esperávamos dele algumas ações e condutas que acabaram não condizendo com a realidade quando eles chegaram à instância máxima do poder. Dos demais partidos eu nunca esperei nada mesmo, então eu nunca tive expectativa de nada. Foi o próprio PT que disse que seria e faria diferente, inclusive.
Bem, isto posto, vamos ao ponto principal do artigo. Como já falei algumas vezes, eu gosto de observar o comportamento humano e com o advento das redes sociais isto ficou mais fácil, já que agora dá para analisar à distância uma quantidade maior de pessoas, inclusive que você não conhece e tem contato. Há algum tempo eu venho observando as reações que as pessoas têm a notícias e polêmicas relacionadas à política e comecei a fazer um paralelo entre o sentimento das pessoas em relação o PT e os relacionamentos amorosos.
Começando dos que mais detestam o PT para os que o veneram, segue uma “brincadeira” fazendo este paralelo:
Existem aquelas pessoas que vêm o PT como tudo o que de pior existe no mundo e preferem votar no capeta à votar no PT, mesmo se contra o capeta for Deus que estiver se candidatando a algum cargo pelo partido. Como eu já ouvi algumas vezes, é aquele caso em que “nem que fosse o último homem da face da terra e a continuidade da espécia humana dependesse disto”…..hahaha
Logo em seguida existem aqueles que também detestam o PT, mas eventualmente, dependendo das condições e do candidato do PT, abririam uma rara exceção. É tipo aquele caso da pessoa que não gosta de perder viagem (anular o voto) e no final da balada encara o que tiver pela frente.
Na sequência, existem aqueles que são indiferentes: não morrem de amores pelo PT mas também não os odeiam. Vai depender muito da situação. É o tipo “friends with benefits”, mais conhecido como amizade colorida: “se me valer a pena e quebrar meu galho até que eu vou sem muito sacrifício”.
Agora passemos para aqueles gostam ou gostaram do PT algum dia na vida mas já não gostam mais, e vamos começar pelo que eu chamo de “cornos do PT”.
Temos o caso daquela menina bonita e rica que foi conquistada pelo PT, que lhe prometeu o mundo, e que quando conseguiu o casamento com comunhão de bens, o “golpista/PT” lhe meteu uns cornos na lua de mel. Só que neste caso é aquela mulher vingativa e amargurada, que vai fazer de tudo para se vingar. Vai ficar com o melhor amigo do cara, vai furar os pneus do carro, se possível vai dar até pro pai do cara, tirar foto e espalhar para todo mundo e foder com a família dele. Eu coloco o Lobão e o Roger Moreira, do Ultraje a Rigor, neste grupo. Chegam até a perder a dignidade para se tentar se vingar.
O segundo caso de “corno do PT” (no qual eu me enquadro) é aquele em que a menina havia se apaixonado sim, pois ele lhe falava e fazia coisas que os outros não faziam. Era um perfeito cavalheiro. Até conseguir a conquista e se mostrar igual aos outros. Como sabe que “todo homem é igual”, eventualmente encara até um “revival” se for interessante.
Bem, agora é a vez dos que, apesar dos pesares, ainda morrem de amor pelo PT.
Primeiramente, existem aqueles que reconhecem os erros e os desvios de conduta do PT, porém por algum motivo ainda continuam apaixonados ou ao menos tendo um “casamento de conveniência”. Alguns deles simplesmente acham que todos os outros são iguais e não vale “voltar ao mercado”. Outros tiveram este “marido” há tanto tempo na vida, sendo que inclusive ele é amigo da família desde criança (é o caso dos filhos de petistas) que acha que o stress da separação não vale a pena. Outros tantos acham que, apesar dos pesares, é ele que sustenta a casa, que vai garantir a faculdade dos filhos, que tem a casa na praia, etc.
Para finalizar vem o pior caso. Neste em específico, o marido pode fazer as piores merdas do mundo: encher a cara e bater na mulher, trair, deixar faltar algo em casa. Mas a mulher (ou o militante) ainda acha que tudo o que o homem (ou o partido) faz está certo. Não bastasse achar que o que “o seu homem faz” está tudo certo, ainda condenam os maridos das vizinhas que agem exatamente igual ao seu marido. Bem naquele esquema: quando vocês fazem (corrupção, por exemplo) é abominável, quando eu faço é justificável!
Como bem percebido durante estas eleições, a maioria esmagadora dos brasileiros votam com o coração (e muitas vezes com o fígado) ao invés de votar com a razão. É estranho pensar que as pessoas escolhem a pessoa que vai ocupar o cargo mais importante do país usando as emoções. Mas as pessoas também escolhem com emoção aquelas pessoas com quem vão viver a vida (marido/esposa), o que inclusive afeta muito mais o dia a dia de cada um, então também não vejo muito problema. O problema maior, tanto no caso dos relacionamentos amorosos quanto nos políticos é aquele “amor cego”, que faz com que a pessoa deixe de enxergar quando aquele relacionamento já lhe está fazendo mais mal do que bem.
Pingback: Haddad, o namoradinho de São Paulo | Botecoterapia
Pingback: Tecnologia e Sociedade: fiscalização e controle | Botecoterapia