Certo Dia De Outono e Outros Contos – Maximo Gorki (19/2014)

CertoDiaDeOutonoO tradutor José Herculano Pires, que escreve o prefácio desta coletânea de contos de Gorki, foi muito feliz ao comparar a literatura Brasileira com a Russa. Primeiramente pela situação de “periferia”, tanto geográfica, quanto de idioma, em que as duas escolas literárias se encontram em relação à literatura mundial. E em segundo lugar, e talvez mais importante, pela semelhança entre o desenvolvimento das duas nações, que está sempre um passo atrás em relação à Europa e América do Norte, o que faz com que os respectivos povos sofram das mesmas agruras e angústias.

Ao ler os contos, nota-se mais ainda a semelhança. As estórias (ou histórias?) contadas por Gorki, com algumas pequenas adaptações, poderiam ter ocorrido em uma vila de pescadores do litoral do Brasil, ou na periferia de uma das capitais brasileiras, mais ou menos na mesma época em que se passam em seus contos. Da mesma forma que Jorge Amado poderia ter escrito Certo Dia De Outono ou Caim e Artem, dois dos sete contos presente neste livro, Capitães da Areia ou Morte e Vida Severina poderia ter sido escrito por Gorki.

A diferença básica entre Gorki e os autores que retrataram as desventuras do povo brasileiro, em especial dos menos afortunados, é que os brasileiros, até por conta da nossa “síndrome de cachorro vira latas”, tratam seus personagens com um certo “coitadismo”, Gorki trata os seus com uma ternura ímpar.

Talvez isto se dê até pela diferença de origens: enquanto os autores clássicos brasileiros normalmente eram originários das camadas mais altas e instruídas da sociedade, Gorki era de origem tão pobre quanto aqueles que ele retratava.

Só sei que é impossível não sentir compaixão e empatia por praticamente todos os personagens, mesmo os mais abjetos e mesmo quando eles demonstram os mais reprimíveis desvios de caráter. E Gorki consegue retratá-los com uma singeleza impressionante!

Felizmente, fiquei conhecendo esta obra através da resenha “A Ternura de Maximo Gorki” feita pelo Henrique Fendrich, colega de Feedback Magazine. Eu nem vou entrar em detalhes dos contos pois o Henrique soube, bem melhor do que eu saberia, dar uma amostra de cada um deles e traduzir o que se sente ao ler o livro, então sugiro apenas clicar no link (e claro, ler o livro). Só sei que a sensação que eu tive já ao final do primeiro conto foi: “porque eu não conheci este autor antes?”.

Be happy 🙂

 

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