Yumbad Baguun Parral é o pseudônimo do Alagoano Miguel Cavalcante Félix. Quem frequenta os bares da Vila Madalena já deve ter sido abordado por esta figura singular que, vestido com seu chapéu de couro, circula por entre as mesas vendendo suas obras (Veja também esta ótima reportagem sobre o Parral na revista Piauí).
Como frequentador assíduo da Vila, ele deve ter me oferecido seus livros dezenas de vezes e não sei por que (talvez por sempre andar com pouco dinheiro no bolso, geralmente o suficiente para o estacionamento e um dog) nunca havia adquirido um (e olha que eu sou um ávido consumidor de obras de artistas de rua, especialmente CDs). Na última vez em que ele me interpelou resolvi comprar um de seus livros e escolhi este meio que aleatóriamente.
Sempre imaginei que suas obras fossem mais relacionadas à literatura de cordel ou à sátiras (como ele mesmo as descreve), mas me surpreendi pela profundidade do conteudo deste livro, bem como a lucidez, coerência e isenção com que ele trata de assuntos sérios.
O livro pode ser dividido em três partes principais.
O prefácio foi a parte que mais me chamou a atenção. Trata-se de um ensaio sobre moral, ética, política, cidadania, enfim, do papel do homem na sociedade, tanto quanto relacionado à sua natureza e seu instinto de autopreservação, que quase sempre se choca com o que se imagina o papel de um ser dotado de capacidade de raciocínio, quanto à sua função como parte de um coletivo, de uma sociedade.
A segunda parte trata-se da estória em sí: uma sátira que conta a trajetória de um ser castigado pelas mazelas da vida que sai da mais absoluta miséria até chegar ao posto mais alto do legislativo do “Braséu”, claro, não sem o “apoio” de estruturas e personagens interessados nesta ascensão. É claro que, para se dar bem, tanto na vida e na política, este ser abjeto utiliza de todas as artimanhas amorais, ilegais e anti éticas possíveis.
A terceira e importante parte (que na verdade é inserida antes do epílogo) é um outro tratado, num estilo que mistura Maquiável com Sun Tsu, sobre o poder, a conquista, o uso e a manutenção deste, em forma de uma “bíblia” da política.
Da próxima vez que for à Vila já deixarei separado alguns reais na carteira na esperança de encontrá-lo e adquirir outro de seus livros.
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