De certa forma dando continuidade ao meu último Top Top, sobre os 10 livros que marcaram a minha vida, vou estender aqui uma outra brincadeira do mesmo tipo que rolou no Facebook a alguns dias atrás. À exemplo da brincadeira / desafio do livro, também pedia-se que listassemos 10 discos importantes para a nossa vida. Como foi muito difícil chegar a somente 10 naquela brincadeira e acabei deixando, com muita dor no coração, um monte de discos de fora, vou aumentar qualitativamente (colocando porque eu considero um disco importante) e quantitativamente a brincadeira, colocando 20 álbuns (e olha que deixei alguns outros de fora).
Os discos aparecem mais ou menos na ordem cronológica em que me marcaram e/ou apareceram na minha vida e basta clicar no link para ouvir alguma música do disco/banda ou o álbum no youtube.
0 – Ney Matogrosso – Promessas Demais
É apenas uma música e não um álbum e nem é uma das minhas preferidas, mas ela entrou aqui como item 0 por ser a primeira música que eu lembro de ter ouvido (lá pelos meus 5 ou 6 anos). Eu sempre careguei a melodia na cabeça e nunca soube que música era, ou mesmo o artista, até que um dia, há uns 8 anos atrás, estava dormindo com o rádio ligado (na Nova Brasil) e tocou esta música. De alguma forma, um pedaço da letra (“não precisava não acenar, precisava não promessas demais”) grudou na minha cabeça e eu lembrei quando acordei. Graças ao nosso amigo Google consegui, depois de mais de vinte anos, descobrir qual música era.
1 – Mozart – Requiém
Até os meus 14, 15 anos, eu tinha contato basicamente com músicas evangélicas (fui criado na igreja até mais ou menos esta idade) e erudita (fiz piano dos 10 aos 14 anos), portanto, ao contrário da maioria das pessoas, meus primeiros contatos não foram com Beatles, Roberto Carlos ou Raul Seixas. Esta obra póstuma do Mozart entra aqui na lista por ter sido a primeira música a realmente mexer comigo. Até hoje sinto um nó na garganta quando ouço esta obra.
2 – Pantanal – Trilha Sonora – Vol 2
Quando esta novela passou eu fiquei encantado com sua trilha sonora. Meu núcleo preferido da novela era o dos violeiros Tibério (Sergio Reis) e Xeréu Trindade (Almir Sater). Entra aqui por ter me “aberto as portas” para a música caipira brasileira (apesar de meu avô sempre cantar e tocar, até este momento não me atraia muito). Curiosidade: um tema muito tocado, especialmente quando apareciam as paisagens do Pantanal, é “No Mundo dos Sonhos”, de Robertinho do Recife, que trata-se de uma versão de Pepperland, do disco Yellow Submarine dos Beatles.
3 – Legiao Urbana – Dois
Aqui começa minha guinada rumo ao rock (provavelmente meu estilo predileto) e consequentemente ao violão. Estava ouvindo num sábado à tarde em casa a Rádio Transamérica e tocou Tempo Perdido. Fiquei doido e no meu próximo pagamento (era office boy na época, aos 14 anos) comprei um walkman vagabundo num camelô e esta fita no Museu do Disco. Ouvia a fita umas 15 vezes ao dia, todos os dias. À partir dai, “roubei” um violão velho do meu avô (tinha até um buraco que foi devidamente tapado com adesivos de campanhas políticas) e comprei algumas revistinhas de cifras para tentar tocar. Além disto, Legião foi basicamente a trilha sonora do meu primeiro namoro.
4 – Deep Purple – In Rock
Foi o primeiro disco de rock internacional com o qual eu tive contato (este disco existe até hoje e está com meu amigo Zé) e onde eu vi que Rock podia ser mais que 3 notas (até então eu estava numas de curtir Legião, Capital, Titãs) e que poderia se misturar inclusive com música erudita (que eu havia estudado).
5 – Led Zeppelin – Led Zeppelin I
Aqui foi minha introdução aos “virtuoses”. Ouvir num mesmo disco blues, rythm’n’blues, rock’n’roll e hard rock, interpretado com maestria por Plant, Page, Jones e Bonham fez eu “pirar o cabeção” e querer ter a música como carreira (sonho abandonado quando percebi que meu talento e minha disciplina eram bem menores que meu amor pela música). A capa do disco foi a primeira camiseta de banda que eu tive.
6 – Rush – A Show Of Hands
Muito antes dos Bill Gates, Zuckembers e Steve Jobs da vida, ser nerd não era legal, não era cool. Ser nerd era ser meio que pária do seu grupo (escola, rua, etc). O Rush sempre foi uma banda de nerds. Então nada melhor para o orgulho de um nerd como eu botar um disco pra rolar e ouvir, como abertura do show, o tema dos Três Patetas. Foi como um: hey, sou nerd sim, e dai?!?! Hoje em dia o Rush está entre as minhas bandas top (junto com Beatles, Pink Floyd e Yes).
7 – Golpe de Estado – Golpe de Estado
Janeiro de 1992!!!! Este foi o primeiro show “grande” que eu vi (com minha camiseta do Led, adquirida na Praça da República). Era uma festa da 89FM no estacionamento do Sambódromo do Anhembi e contou, além do Golpe, com o Ira! (tinha outra banda antes do Golpe, mas não lembro quem era e não cheguei a tempo de ver). Um baterista fantástico, um showman como vocalista, um guitarrista com riffs inconfundíveis e um baixista coeso “ligando” tudo e cantando hard rock (no melhor estilo Led, Whitesnake, Purple) em português. Foi paixão à primeira “ouvida”. Depois disto devo ter visto uns 80, 100 shows do Golpe, sendo eles somente superados pelo próprio Ira!.
8 – Ira! – Música Calma Para Pessoas Nervosas
Já era apaixonado pelo Ira! por conta do “Mudança de Comportamento” e do “Vivendo e Não Aprendendo”, mas este foi o disco em que eu pensei: “Porra! Estes caras são fodas! Querem fazer música e dane-se o resto! Dane-se se vai vender ou não!”. Não chegou a vender duas mil cópias (exatamente 1840 cópias na época, sendo que eu tinha duas: uma ganha, em LP, e outra comprada, em CD), apesar de ser um disco fantástico. Depois deste disco eles subiram ao primeiro posto das minhas bandas nacionais preferidas, pra não sair mais. Com certeza cheguei a ver mais de 100 shows do Ira! (Entre 1992 e 1997 ao menos um por mês!).
9 – Megadeth – Rust In Peace
Em 1993 estava numa época mais heavy metal, com 17 para 18 anos, cabelo comprido (sim, eu tinha cabelo!!!), querendo virar metaleiro para o resto da vida (tocava baixo na época) e este foi o disco que marcou esta época. Este disco é fantástico! Bom de ponta a ponta! Tirei ele (assim como os 3 primeiros do Metallica e mais o Countdown to Extinction do próprio Megadeth) inteiros no baixo, de ouvido, já que não tinha nenhum tab.com ou coisa parecida à época. Tornado of Souls tem para mim o melhor solo de guitarra da história do Heavy Metal, talvez uns dos 10 melhores da história do Rock.
10 – Dream Theater – Awake
Continuando minha saga metaleira, pirei quando ouvi Dream Theater pela primeira vez (na verdade, vi o clipe de Lie na MTV e fui atrás para comprar o CD). Tinha o peso do metal, com a complexidade e os temas longos das músicas eruditas. Cheguei a comprar um baixo de 6 cordas (tenho até hoje) somente para tocar Voices. Foi também minha porta de entrada para o rock progressivo. Mas hoje não tenho mais paciencia para ouvir Dream Theater.
11 – Jamiroquai – Emergency On The Planet Earth
Lá pelo final de 1996 estava totamente naquela vibe “metal”: não ouvia nada que não fosse no mínimo hard rock (a única exceção era o Ira!), não ia em lugar que não tocasse metal, tudo quanto outro tipo de som para mim era uma bosta e coisa de gente burra. Ainda bem que a gente cresce e evolui (quer dizer, a maioria de nós né). Este foi um dos discos que abriram minha cabeça para outras coisas que não fossem rock. Vi o clipe de “Emergency On The Planet Earth” na MTV e pensei: “não é metal, mas é legal e tocam bem!” e ai comecei a me dar mais oportunidades de ouvir coisas novas.
12 – Gilberto Gil – Millenium (coletânea)
13 – Chico Buarque – Millenium (coletânea)
Estes foram outros dois discos que abriram minha percepção para além do rock. Letras fantásticas, misturas de jazz, samba, mpb, rock, baião, forró, ou seja, a mistura que é o Brasil. Através destes discos eu pude abrir muito mais a minha cabeça para o que se faz de bom em termos musicais no nosso país (o que não é pouca coisa). Infelizmente, nas muitas viagens de galera, acabei perdendo os dois CDs (e um do Jair Rodrigues, da mesma série Milleinium, que tinha comprado junto)
14 – Racionais MCs – Sobrevivendo No Inferno
Este foi outro disco que derrubou alguns preconceitos que eu tinha (contra o Rap, Hip Hop, etc) e me abriu as portas para uma nova gama de sons (Funk, Soul, Motown, etc). Foi trilha sonora das viagens roubadas da “Turma do Grampo”.
15 – Funk Como Le Gusta – Roda de Funk
Putz! Este disco e os respectivos shows, com participações mais que especiais (Thayde, Jair Oliveira, Elza Soares, entre outros) na choperia do Sesc Pompéia marcou uma época da minha vida muito boa, onde a gente vivia para se divertir, sem preocupações. A preocupação que tinhamos, à época (eu com 23, 24 anos) era saber qual seria a próxima viagem, a próxima festa. Ganhávamos pouco mas nos divertíamos muito!
16 – Cassia Eller – Com Você…Meu Mundo Ficaria Completo
Ápice da carreira desta escritora fantástica, que infelizmente foi embora cedo, é um dos discos para entrar na história do rock nacional. Também foi trilha sonora do meu segundo namoro.
17 – Yes – Close To The Edge
Aqui já era 2002 para 2003, época que os arquivos de MP3 (assim como os Napsters e Audiogalaxys da vida) começam a se popularizar no Brasil. Sinceramente não lembro o que me fez dar uma “guinada” rumo ao progressivo. Só sei que esta época comecei a baixar discografia do Yes, ELP, Gentle Giant, etc. Também foi trilha sonora do meu terceiro namoro.
18 – Beatles – Abbey Road
Eu sou um fã “tardio” de Beatles. Na verdade só comecei a gostar realmente da banda em 2008, já com mais de 30 anos. Neste ano eu passei praticamente oito meses em Los Angeles, por conta do trabalho, e acabei sendo “convertido” à Beatlemania pelo Tony, marido da minha amiga Rebeca. Foi uma paixão tão avassaladora pela banda que eles entraram em questão de meses no meu top 4 de bandas e, quando fiz minha primeira viagem para a Europa, tive que ir à Liverpool. Quanto ao álbum escolhido, não tem como não considerar como melhor o álbum que traz Something, Here Comes the Sun e o melhor medley da história da música, que ainda termina com a frase que é o meu lema de vida: “and in the end the love you take is equal to the love you make”.
19 – Pink Floyd – Animals
Eu tenho um sério problema com músicas: eu consigo identificar todos os instrumentos usados (diferenciando, por exemplo, um moog de um hammond), os efeitos, as mínimas nuances da harmonia e da melodia, porém eu não presto muita atenção na letra, mesmo quando ela está em português. Ainda bem que certo dia (2009) eu resolvi prestar atenção às letras contidas no Animals, e fui tentar entender o conceito. O disco é baseado no livro “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell. Depois de descobrir isto, fui atrás do livro, o que me despertou uma paixão que há muito estava adormecida: a literatura (quer dizer, eu nunca parei de ler, mas fazia uns 10 anos que eu só lia coisas relacionadas à profissão ou carreira).
20 – Fundo De Quintal – Nos Pagodes da Vida
Vixe! Meus amigos metaleiros (aqueles que eu citei que não crescem….hahaha) vão querer me matar por conta deste. Já havia tido contato com Samba lá para 1999, pois cheguei a tocar violão num grupo de pagode. Porém, fui me apaixonar pelo estilo (ao ponto de comprar um cavaquinho e aprender algumas músicas) ao ver um show do Sombrinha, com a participação do Arlindo Cruz, no Traço de União (no dia 22 de Outubro de 2011, meu aniversário!). Fui atrás para conhecer a história destes dois caras, ai acabei caindo na história do Fundo de Quintal, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Done Ivonne Lara, Almir, Candeia, Cartola….
Bem, no momento são estes álbuns que têm marcado minha vida até agora, mas com certeza ainda tem muita música que vai fazer a trilha sonora dela em momentos importantes.