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Bag of Bones – Stephen King (14/2014)

BagOfBonesNo artigo sobre o último livro do Stephen King que eu havia lido, Doctor Sleep, eu citei que, apesar dele ser o meu autor favorito (e para mim o maior escritor de ficção talvez da história, no texto eu explico o porque), eu acho que ele tem um grande defeito, que é estender demais suas estórias, muitas vezes com relatos que não agregam em nada a condução ou a conclusão do livro. E olha que eu gosto de relatos detalhados, pois sou o tipo de pessoa que, enquanto lê, monta o filme na cabeça (inclusive criando a imagem dos personagens). Neste livro ele comete o mesmo erro.

Nas 100 primeiras, das 700 e poucas páginas deste livro ele fica numa enrolação danada, contando a vida de Michael Noonan, o personagem principal do livro, que é um escritor “quase best seller” que perde a jovem mulher e à partir dai entra num bloqueio criativo.

Após quatro anos da morte de sua esposa, Michael resolve passar uma temporada na casa de veraneio do casal, que havia praticamente sido abandonada desde o falecimento de sua esposa. Nesta casa, que fica à beira de um lago em uma região não incorporada do Maine, ele começa a ter experiências sobrenaturais.

Na região, ele acaba por ter contato com uma jovem viúva e sua filha de 3 anos. A jovem está envolvida num processo pela guarda da criança contra o avô desta, que é um velho milionário. Michael se vê compelido a tomar para sí a causa da jovem garota e resolve ajudá-la a garantir a guarda da criança.

Durante o decorrer da estória, ele começa a perceber que as experiências da casa, a pequena menina e praticamente todos os moradores da região TR4 estão interligados a acontecimentos ocorridos há quase um século.

Mesmo durante o desenrolar da estória em Sara Laughs (como é chamada a propriedade de Michael à beira do lago), existem algumas passagens muito longas que seriam dispensáveis.

O mote principal da estória eu achei muito boa, mas acho que desta vez o Stephen King errou a mão no desenvolvimento, pois além das enrolações típicas dele, a estória vai e volta, quando você acha que está acabando acontece alguma coisa que faz com que toda a estória dê um passo atrás. Parece novela brasileira que faz sucesso e ai começam a esticar.

Mas ainda assim, é um livro dos Stephen King e ele é sempre um bom contador de estórias. Existe também uma minisérie, com o Pierce Brosnan, em dois capítulos, que pretendo ver em breve e que aconselho para quem não gosta de livros muito longos e tem curiosidade de saber sobre o que se trata o livro.

Doctor Sleep – Stephen King (10/2014)

Doctor Sleep 1Stephen King é o autor que eu mais lí e que eu considero o melhor de todos os tempos. Muitos podem achar que este “título” é exagerado, já que não faltam bons autores , mas existem alguns fatos que o colocam acima dos demais, mesmo os fora de série.

O primeiro é a quantidade de sua produção. Mesmo se ele fosse um escritor medíocre, só o fato dele escrever 3, às vezes 4 livros por ano (nem estou considerando os contos), já o colocaria, ao menos, como um dos escritores mais profícuos da história. Ele escreve tanto que seu agente pediu para ele escrever menos, para que o mercado não ficasse saturado de “Stephen King” e como ele disse que não consegue não escrever, acabou criando um pseudônimo (Richard Bachman) para lançar algumas de suas obras.

Fora isto, ele tem livros de sucesso em mais de um estilo. Apesar de ser conhecido como o “Mestre do Terror”, alcunha errônea, já que os livros dele na verdade são de suspense, ele já escreveu obras de enorme sucesso em outros estilos. The Green Mile (À Espera de Um Milagre) e The Rita Rayworth and The Shawshank Redemption (Um Sonho de Liberdade) são talvez os dois maiores exemplos mas podemos citar Under The Dome, The Apt Pupil, The Body – The Fall Of Innocence, Secret Window Secret Garden que são alguns dos seus sucessos que passam por temas como ficção científica, nazismo, adolescência, loucura, entre tantos outros que ele usa de fundo para fazer o que ele faz melhor: construir personagens e explorar suas relações.

Stephen King (aka Richard Bachman)

Stephen King (aka Richard Bachman)

Se você fizer uma busca no IMBD com os títulos de obras do Stephen King aqui citados, você vai encontrar uma adaptação para cinema para todos eles, a maioria muito bem avaliado pelos frequentadores do site (Um Sonho de Liberdade geralmente figura no primeiro lugar). Além disto, se procurar pelo nome, irá encontrar dezenas de obras dele adaptadas para cinema, teatro e TV. E isto é um ponto em que ele também é diferenciado: não existe um escritor que tenha tido tantas obras adaptadas para outras mídias como o Stephen King. E mesmo entre os roteiristas e autores que escrevem exclusivamente para cinema, não existe um cujo conjunto da obra tenha alcançado o sucesso do conjunto de adaptações dele.

Se isto não faz dele um dos maiores autores da história, não sei o que faria.

Em Doctor Sleep, King traz de volta Danny Torrance, o personagem central de um de seus maiores sucessos, The Shinning (O Iluminado). Após uma passagem rápida nos acontecimentos ocorridos logo após a derrocada do Overlook e nas consequências destes acontecimentos, o livro salta no tempo mais de 20 anos para mostrar um Dan Torrance (não mais Danny) seguindo os passos de seu pai como dependente de álcool.

Mais alguns acontecimentos que serão importantes no final do livro e um novo salto no tempo, para quase o momento atual, onde Dan, já na casa dos 40 anos, se vê envolvido com uma menina que possui o mesmo “brilho” que o seu e que se encontra à perigo, da mesma forma em que ele se encontrava no Overlook há mais de 30 anos. E agora é Dan quem tem que assumir o papel que um dia foi de Dick Halloran, e usar o seu brilho para ajudar a menina.

Um livro ótimo! Acho que entra nos top 5 dos que eu li dele. Uma coisa que eu não gostava um pouco no estilo de escrita dele, é que ele fazia uma narração que começava meio modorrenta, entrando em muitos detalhes (muitos desnecessários) e gastando quase metade do livro apenas para definir os personagens, enquanto na conclusão ele dava aquela “corrida”. Neste livro acho que ele dosou esta construção dos personagens ao longo do livro e não precisou entrar em detalhes que seriam desnecessários, utilizando-se inclusive deste recurso do “salto temporal”. Livro indicado para quem gosta de suspense com uma pitada de sobrenatural. E não precisa ter lido / visto “O Iluminado”, pois as referências à primeira obra são bem explicadas durante o decorrer do livro. Mas se você não leu o livro E não viu o filme (que tem direção do mestre Stanley Kubrick e uma atuação fenomenal do Jack Nickolson), não sabe o que está perdendo.