Com o subtítulo de A Dictionary of Things There Aren’t Any Words for Yet – But There Ought to Be (“Um dicionário de coisas para as quais ainda não existe nenhuma palavra – mas que deveria existir”), o livro surgiu de uma brincadeira que Douglas Adams e seu amigo John Lloyd costumavam fazer quando estavam em um bar. A ideia da brincadeira é que existem diversas situações e sensações para as quais não existe uma palavra, enquanto ao mesmo tempo existe um número enorme de palavras que são “desperdiçadas” dando nome a locais. Então por que não juntar as duas coisas usando nomes de locais para nominar estas situações e sensações? E da brincadeira surgiu a ideia de criar o dicionário.
O livro começa com uma série de mapas que não querem dizem nada e são só para encher linguiça mesmo (e talvez a paciência de algum leitor desavisado não acostumado com estes recursos do humor britânico). Depois dos mapas tem um dicionário fonético bem no estilo do Douglas Adams: totalmente nonsense. Um humor que de tão bobo é genial!
Claro que como tudo o que Douglas Adams produziu, além deste humor meio nonsense, tem também aquela pitada de acidez, um humor mal-humorado até (baita contradição!!!….hahaha), também típico do humor britânico.
Porém, mesmo com um nível avançado de inglês, acabei “perdendo” várias piadas. Uma delas foi Frutal (“rather too eager to be cruel to be kind”), uma das duas cidades brasileiras no dicionário, ao lado de Canudos (“o desejo que os casais casados têm em ver seus amigos solteiros se casando”). Além de perder algumas piadas por conta do idioma, com certeza perdi outras tantas por conta de falta de referências. Acho que até falantes nativos de inglês de outros países perderiam algumas das tiradas que contêm referencias muito britânicas. Este provavelmente deve ser um dos motivos pelos quais (ainda) não existe uma tradução para o português.
Ainda assim tem vários termos interessantes, tanto pelo humor quanto por fazer a gente lembrar de algumas situações que as vezes passam despercebidas. E para descobrir que algumas delas são mundiais, tais como Bodmin: “a irracional e inevitável discrepância entre o valor arrecadado no racha e o valor da conta a ser pago no restaurante ou bar”. Ou Sturry: “aquela acenada agradecendo o carro que parou na faixa de pedestre para você cruzar, seguido por aquele movimento fingindo que estamos nos apressando pra atravessar a rua, mas que não altera em nada o tempo levado para finalizar a travessia” (em inglês era mais engraçado, juro!).
Mas o mais interessante foi notar que Adams devia ter alguma fixação por bundas (bem, quem nunca né?). São diversos termos que envolvem nádegas, como Elsrickle (“aquela gota de suor que escorre pelas suas costas bem pelo rego”) e Famagusta (“a corrente de ar que passa por entre duas bundas que se recusam a se tocar – como no transporte público”), pra citar somente duas.
Em cada um dos “capítulos” (um para cada letra do alfabeto) tem pelo menos um desenho exemplificando um dos termos do capítulo (inclusive alguns dos termos relativos a bunda). Mas a melhor parte do livro é o apêndice! Mais não vou falar para não estragar a piada.
Be happy 🙂