The Storyteller – Dave Grohl (02/2022)

Foo Fighters é umathe_story_teller das minhas bandas preferidas e eu a considero como a última “grande banda” a surgir. “Grande banda”, ou como chamam nos EUA, “arena rock bands”, que são aquelas bandas que são capazes de encher, sozinhas, um estádio (mais de 40 mil pessoas). Claro que, como quase tudo que ocorreu no pop e rock a partir dos anos 60, o termo nasceu com os Beatles.

Não que eles façam um som inovador, ou que sejam virtuoses. Eles fazem um hard-rock básico, às vezes até meio datado, mas muito divertido porque eles se propõem a isto: a se divertir e divertir. E é a última porque são uma das últimas bandas a surgir e alcançar sucesso antes da reviravolta no mercado da cultura que a internet trouxe. Reviravolta que torna mais difícil o surgimento de uma banda deste porte e que se mantenha no auge por tanto tempo. E isto não é uma crítica, muito pelo contrário, hoje em dia a cultura está muito mais popular e popularizada. É só uma constatação.

Mas mesmo fazendo um som básico, não dá pra negar que Dave Grohl, o “dono” da banda, é um baita de um letrista (além de roteirista: basta ver os clipes hilários da banda). Talvez por isto a ideia dele escrever uma autobiografia, uma tarefa que, segundo ele mesmo, nasceu para ocupar tempo ocioso durante a pandemia, não seja uma surpresa tão grande assim. Uma hora ou outra ele iria se aventurar pela literatura (como já se aventurou por produções audiovisuais).

E o livro é uma delícia de ler! Cada um dos capítulos é uma pequena história, de algumas páginas, com início, meio e fim. Apesar de seguir uma certa ordem cronológica geral, dentro dos capítulos ele insere pequenas histórias que vão sendo puxadas pela principal. O título (“o contador de estórias”) caiu muito bem.

E o subtítulo “Tales of Life and Music” (Histórias de Vida e Música, numa tradução livre) também faz muito jus ao livro porque ele vai justamente linkando trechos de músicas que marcaram a vida dele com estas histórias. Na introdução do livro ele conta que a memória dele é “ativada” por música, algo que ele já tinha contado no prefácio escrito para From Cradle to Stage, de sua mãe, Virginia Hanlon Grohl.

Obviamente ele começa contando da sua infância, entrando depois no início da carreira e contando muitas passagens hilárias das excursões sua primeira banda oficial, Scream, o que inclui várias “furadas” e perrengues em que uma banda tentando uma carreira profissional se mete. Finalmente chegando ao Nirvana e o estrondoso sucesso que o grupo viria a alcançar.

Neste trecho ele dá muito destaque ao seu relacionamento com Kurt Cobain, com quem ele dividia um apartamento antes do “estouro” da banda, e em como uma overdose de Kurt e futuramente o suicídio deste o abalou.

Depois ele conta o processo de recuperação do baque, que viria a se consolidar com gravação da demo que se tornaria o primeiro álbum do Foo Fighters, uma tarefa que Dave conduziu sozinho, sem pretensão nenhuma. Depois de alguns percalços com o Foo Fighters, especialmente em relação às constantes trocas de integrantes da banda, o grupo se estabilizaria. E neste processo Dave viria a ganhar novamente, depois de Kurt, um companheiro de banda que seria muito importante na sua vida: Taylor Hawkins, o “terceiro” baterista da banda (terceiro considerando o próprio Dave como o primeiro).

Ao invés de escrever sobre o que Dave conta sobre Taylor, melhor reproduzir (e tentar traduzir) um trecho do livro:

“Tearing through the room like an F5 tornado of hyperactive joy was Taylor Hawkins, my brother from another mother, my best friend, a man from whom I would take a bullet. Upon first meeting, our bond was immediate, and we grew closer with every day, every song, every note that we played together. I am not afraid to say that our chance meeting was a kind of love at first sight, igniting a musical ‘twin flame’ that still burns to this day. Together, we have become an unstoppable duo, onstage and off, in pursuit of any and all adventure we can find. We are absolutely meant to be, and I am grateful that we found each other in this lifetime.”

(Atravessando a sala como um tornado de categoria 5 de alegria hiperativa estava Taylor Hawkins, meu irmão de outra mãe, meu melhor amigo, o cara por quem eu tomaria um tiro. Desde nosso primeiro encontro, nossa ligação foi imediata e nós nos aproximamos mais a cada dia, a cada canção, a cada nota que tocamos juntos. Não tenho medo de dizer que nosso encontro por acaso foi um tipo de amor à primeira vista, acendendo uma ‘chama mútua’ que ainda queima até os dias de hoje. Juntos nós nos tornamos uma dupla imbatível, no palco e fora dele, buscando toda e qualquer aventura que possamos encontrar. A gente simplesmente tinha que acontecer e eu sou grato por termos encontrado um ao outro nesta vida)

Intenso! Coincidentemente estava nesta parte do livro quando da morte de Taylor, no final de março de 2022.

Também coincidentemente, minha memória é ativada por canções. E muito coincidentemente desde 2009 eu tenho um documento do word onde faço algumas anotações sobre as memórias e histórias que músicas me trazem com o nome “Histórias de Vida e Musica.doc”. Mas não! Nunca virará um livro….hahaha

Be happy 🙂

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