1984, do George Orwel; Admirável Mundo Novo, do Aldous Huxley; e Farenheit 451, do Ray Bradbury, são as mais famosas obras do gênero literário que se convencionou chamar “distopia”, que são ficções sobre um mundo futuro em que a humanidade vive em condições extremas de privação, desespero e/ou opressão. Os três livros ficaram até conhecidos como a “tríade distópica”.
Qual não foi minha surpresa ao descobrir, lendo The Ministry of Truth, que a obra pioneira do gênero e que influenciou quase tudo que veio a seguir dentro dele é na verdade We, do escritor russo Yevgeny Zamyatin. Quase tudo porque claramente não influenciou Farenheit.
E quando digo influenciar é você realmente achar no livro referências utilizadas nas obras posteriores, como por exemplo a “linha de produção” de seres humanos perfeitos para se encaixarem como peças destas sociedades, como no livro de Huxley. Ou a figura do Big Brother (Well Doer – benfeitor – em We) de Orwell. Ou mesmo os Guardians, que são basicamente os Eyes de The Handmaid’s Tale (ainda não li o livro da Margaret Atwood, só assisti a série de TV).
Assim como nas obras que influenciou, existem inúmeras críticas a controvérsias da época, como a adoção dos estudos de Tempos e Movimentos de Frederick Taylor e a implementação do Taylorismo nas linhas de produção. E também algumas “previsões”, como a geração de energia a partir de ondas do mar.
Claro que não poderiam faltar passagens com sarcasmo de alto nível, como quando o narrador zomba do absurdo que ocorria no passado, em que haviam eleições onde não se sabia antecipadamente quem iria ganhar. Ou quando ele descreve como alguns povos precisaram “ser salvos pela força e chicoteados em direção à ‘felicidade’”
Só achei a leitura um pouco difícil e pesada, muito provavelmente por ter lido a tradução para o inglês, que não é minha língua materna, de um livro escrito em russo. Talvez eu tente ler a versão em português num futuro (não tão próximo, provavelmente).
Be happy 🙂