Nelson Motta é jornalista, compositor, produtor musical e exerceu muitas outras funções ligadas à arte, especialmente a música, nas últimas décadas no Brasil. Mesmo exercendo funções de “bastidores”, ele é bastante conhecido pois apresentou durante um bom tempo um quadro semanal sobre música no vespertino Jornal Hoje, da Rede Globo. Nesta autobiografia ele conta a história de sua vida e pedaços das histórias de vida de outras pessoas com os quais ele conviveu, especialmente artistas.
O livro não é lá muito bem organizado em termos de datas e contextualização, mas é justamente isto que o torna divertido. Dá a impressão de um bate-papo de mesa de boteco com aquele seu amigo falastrão que gosta de contar mentira e vantagem (e todo mundo tem um amigo assim). Nunca dá pra saber o que é verdade ou mentira, especialmente quando ele fala sobre os bastidores, já que muitos dos personagens envolvidos já não estão mais aqui para confirmar ou desmentir. De qualquer forma, sendo ou não verdade, ele mesmo acredita fielmente naquilo. Como li numa outra resenha: ele é o Forrest Gump da MPB.
Apesar da falta de precisão e da sensação de que ele está sempre aumentando um ponto, especialmente no que se refere ao seu próprio papel nos acontecimentos e movimentos, o livro passa um bom panorama do desenvolvimento da música popular no Brasil, desde o início da Bossa Nova (meio da década de 60) até o final dos anos 2000.
Acabei terminando o livro com a mesma sensação que tive quando terminei a biografia do Lobão: o cara pra ter vivido tudo isto deve ter agora uns 300 anos. Ainda assim é um bom passatempo, além de contar com dicas preciosas de artistas e músicas.
Be happy 🙂