Bird Box é o livro que deu origem ao filme homônimo produzido pela Netflix e que fez algum burburinho em 2018. Pra início de conversa, eu não havia gostado do filme. A idéia central é bem legal, mas o filme é bem fraco na execução. Não é horrível, mas é aquele que você bota pra ver quando não tiver nenhuma outra opção ou apenas acompanha se estiver zapeando na TV e o encontra passando em algum canal (alguém ainda faz isto hoje em dia?).
Já haviam me dito que o livro era bem melhor (como ocorre via-de-regra), mas acabei não me interessando após ver o filme, até achá-lo numa promoção. Ficou alguns bons meses na estante, lá embaixo da minha lista de prioridades, até que resolvi finalmente ler.
A história, que se pretende ser um terror psicológico, se passa em torno de um mundo onde, de repente, a maioria das pessoas começa a apresentar um comportamento suicida após enxergar algo. Não vou entrar no detalhe do que é este algo para não dar spoilers. A solução então encontrada é que as pessoas não mais saiam de casa de olhos abertos, além de cobrirem todas as janelas dos imóveis (para evitar enxergar para fora). Mas até que as pessoas comecem a entender o que se passa e a encontrar esta “solução”, muito caos é instalado, com o colapso de tudo o que suporta nosso estilo de vida atual: transportes, telecomunicações, produção industrial, e assim por diante (algo parecido com o que uma pandemia pode causar se não for controlada).
É basicamente um misto de The Walking Dead com o Ensaio Sobre a Cegueira, do Saramago. Interessante pois sempre achei que The Walking Dead foi claramente inspirado no Ensaio, que por sua vez foi inspirado n’A Peste do Camus. De certa forma Bird Box tem a inspiração dos três.
O livro conta com duas estórias paralelas, intercaladas em capítulos alternados. Uma delas é a busca (às cegas) da personagem principal (Malorie, interpretada pela Sandra Bullock, o que salva um pouco o filme) por um local que promete ser um refúgio para trazer um pouco de paz em tempos de caos. A segunda linha traz a estória (em flashback) de Malorie desde o momento em que ela descobre uma gravidez não planejada até o ponto em que a busca por este refúgio se inicia. Ou seja, são duas linhas do tempo que se encontram no final do livro.
O livro é muito bem escrito, com o autor provendo muitos detalhes sem se tornar algo enfadonho. É um bom passatempo. Mas infelizmente como eu fiquei com os personagens do filme na cabeça não consegui montar os personagens e o filminho na minha imaginação, como normalmente ocorre. E este é o principal motivo pelo qual se deve, SEMPRE, ler o livro primeiro: para fazer sua imaginação voar.
A única exceção que encontrei até hoje para a regra de que o filme é SEMPRE melhor que o livro foi a adaptação de Good Omens, do Terry Pratchett e do Neil Gaiman. Não que o livro seja ruim, muito pelo contrário, tanto que foi um dos poucos livros que li mais de uma vez (quer dizer, em tese, já que li uma vez em inglês e outra em português). Mas a adaptação da Amazon em forma de mini-série ficou fantástica, muito por causa do elenco e, claro, pela fidelidade ao livro.
Be happy 🙂