Cartola: semente de amor sei que sou, desde nascença – Arley Pereira (02/2016)

CartolaSempre me intrigou e me impressionou a capacidade de alguns artistas praticamente iletrados de trabalhar com as palavras. Além de Cartola, um verdadeiro poeta, temos outros exemplos como o Jackson do Pandeiro ou o Gordurinha. Estes dois ainda usavam de licença poética para, de vez em quando, não utilizar a forma culta da língua. Mas Cartola é um caso à parte e pode-se contar nos dedos as raríssimas vezes em que ele usou desta licença, geralmente afim de colocar as palavras na boca de outras pessoas. Mas no geral, suas composições sempre foram de uma qualidade linguística impecável.

Portanto, nada mais justo do que convidar Arley Pereira, amigo pessoal de Cartola e outro mestre do jogo de bem usar as palavras, para escrever esta biografia.

O livro, apesar de curto (118 páginas), faz um apanhado geral da vida e da obra de Cartola e, além do texto primoroso (e carinhoso) de Arley, tem uma leitura fluída e cativante, daquelas que fazem com que você fique no “só vou ler mais um capítulo depois eu durmo”.

Alguém pode até reclamar que faltou precisão em datas, locais e outros fatos históricos, mas em se tratando da biografia do autor de versos como “Queixo-me às rosas, mas que bobagem / As rosas não falam / Simplesmente as rosas exalam / O perfume que roubam de ti, ai” e “Preste atenção, querida / De cada amor tu herdarás só o cinismo / Quando notares estás à beira do abismo / Abismo que cavaste com os teus pés” a exatidão histórica é menos importante do que a beleza das palavras, e neste ponto, o livro acerta em cheio.

Be happy 🙂

Cartola

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