Ivan Ilitch é um respeitado Juiz de Direito, morador de São Petesburgo, casado e com um casal de filhos, que vive uma digna, feliz e adequada, segundo tudo o que a sociedade lhe ensinou.
Porém ao se deparar com uma doença incurável, ele começa a enfrentar a dor de descobrir que sua vida não foi assim tão feliz como ele imaginava. O livro toca (e faz pensar) em três assuntos distintos mas relacionados entre si.
O primeiro é a relação que a maioria dos seres humanos tem com a morte e o fato de querer evitá-la à todo custo. Ivan, assim como todos que o cercam (inclusive os médicos que tentam tratá-lo), evitam a “entrega”, ou seja, a simplesmente aceitar que a morte vai chegar para ele, assim como vai chegar para todos.
O segundo assunto refere-se à compaixão (e empatia). Excetuando-se um empregado e seu filho adolescente, todos à sua volta parecem fazer parte de um grande teatro, mesmo quando vão visitá-lo e mesmo durante os funerais, sem se importarem ou se compadecerem dele com franqueza e do fundo da alma.
O terceiro assunto, acontece quando ele tem uma conversa com um “espírito” (acredito que não seja uma figura “divina”, mas sim com sua própria consciência) e ele pergunta o porque da morte e o espírito responde “para que viver?” (a vida que ele vivia). À partir daí ele começa a se questionar se aquela vida feliz era realmente feliz e adequada e fazendo um retrospecto ele chega à conclusão que os momentos realmente felizes, em que ele fez algo que reamente lhe dava prazer, e não porque alguém falou que dava prazer ou porque era daquele jeito que tinha que ser, eram os da infância e um pouco durante a faculdade.
Ele descobre que, durante toda a sua vida ele apenas seguiu o que as convenções sociais ditaram para ele: fez uma faculdade, galgou postos na vida profissional, casou com a mulher mais “adequada”, teve filhos, etc.
Como disse Milton Ratoun, que escreve a resenha das orelhas da capa deste livro, mais do que morte, o conto fala sobre vida e sobre como viver.
P.S. Impossível não pensar, ao ler o livro, em Canto Para Minha Morte e Quando Você Crescer, do gênio Raul Seixas!
Be happy 🙂