Wanderlust #14 – Liverpool – Inglaterra

Liverpool 1É claro que estando na terra da Rainha não poderia deixar de ir conhecer Liverpool, a meca de todo beatlemaniaco (que eu havia me tornado alguns anos antes). Depois dos 3 dias em Londres, na segunda feira de manhã fiz minha primeira viagem de trem até Liverpool.

Liverpool 2Vale ressaltar que a primeira experiência viajando de trem na minha vida foi muito boa. É uma pena que não tenhamos no Brasil trens ligando as nossas principais cidades. A viagem as vezes se torna mais rápida, já que não se perde tempo chegando duas horas antes no aeroporto, passando por raio X, depois aguardando as bagagens, etc e além disto é muito mais confortável, já que o trem é mais espaçoso, existe geralmente o vagão restaurante e não se sofre com os solavancos (inevitáveis em viagens longas).

Eu fui imaginando que Liverpool seria uma cidade meio interiorana, mas me surpreendi com o tamanho e o desenvolvimento da cidade. Localizada na costa oeste da Inglaterra, Liverpool é uma cidade industrial e portuária. Por ser uma cidade costeira, há algum tempo atrás era “infestada” de um tipo de pássaro parecido com gaivotas conhecido como Leever e a região era conhecida como leever pool (pool pode ser um conjunto ou agrupamento, além de ser piscina, em inglês), ou seja, era um lugar cheio de leevers, que mais tarde acabou sendo chamado de liver. Portanto, o nome da cidade não significa “piscina de fígado” como seria na tradução literal mais fácil. A ave é o símbolo tanto da cidade quanto do mais famoso time da cidade e um dos maiores do mundo.

Liverpool 3Como aprendi a fazer nas viagens, na chegada, debaixo de uma fina garoa, fui dar uma volta na cidade para fazer o reconhecimento e descobrir o que fazer (fora o Magical Mistery Tour e o Museu dos Beatles, que já tinha programado) e comer algo e me surpreendi com uma cidade bem grande e moderna (mais moderna do que Londres). Fiz um reconhecimento no centro e vi que tinha bastante coisas para fazer, então voltei para o hostel para tomar um banho e na sequencia ir tomar umas cask ales no pub que tinha do lado.

No outro dia acordei bem cedo e fui fazer uma visita ao Museu de Liverpool, que fica bem próximo à Albert Dock e ao museu dos Beatles, de onde sairia a Magical Mistery Tour. Nesta visita ao museu eu aprendi que, se possível, a primeira coisa a ser feita em uma cidade que você está conhecendo é ir em um museu que conte a história da cidade e de seu povo.

Casa onde o George Harrison cresceu

Casa onde o George Harrison cresceu

Depois de visitar o museu, fui comprar o ingresso para o Museu dos Beatles e o Magical Mistery, mas como o passeio seria só à tarde, aproveitei para almoçar e dar um passeio na Albert Dock, que é uma construção antiga que abrigava fabricantes de barcos e insumos para pesca (peças de barco, redes, etc) e que hoje funciona como uma galeria de arte.

Depois do almoço, viria a “tarde Beatles”. O museu dos Beatles é bem montado, contando toda a história desde a época do Quarrymen (primeira banda do Lennon) até o final da banda e fazendo uma rápida passagem pelas vidas dos 4 rapazes mais famosos da cidade após o fim dos Beatles. Para quem quer conhecer mais sobre a história da banda vale a pena perder umas 3 horas lendo cada uma das descrições constantes nos objetos expostos. Ao final, como sempre acontece lá fora, existe um gift shop que, sem o devido cuidado, pode significar uma dor de cabeça na hora de pagar a fatura do cartão e de fechar as malas.

Após o museu, veio o Magical Mistery Tour, que é feita num ônibus similar ao existente na capa do disco de mesmo nome. A tour passa por diversos lugares citados em canções (Penny Lane, Strawberry Fields, Sgt Peppers pub, etc) e por alguns pontos importantes na carreira da banda (o igreja onde o Quarry Men se apresentava, as casas onde os membros nasceram e/ou viveram) e termina na Matthew Street, a rua bohêmia da Liverpool da década de 60.

Strawberry fields forever!

Strawberry fields forever!

Na Matthew Street se encontra o Carvern Pub e o Cavern Club. Muita gente sabe da existência do Carvern Club, por ser o bar onde os Beatles despontaram para o sucesso, mas pouca gente sabe que em frente existe um pub irmão, chamado Cavern Pub, que é mais antigo e que antes do início do sucesso era o principal palco dos Beatles. Nos dois bares, à partir das 10:00hrs da manhã até as 3:00hrs da manhã do outro dia é possível assistir diversas bandas tocando, com repertório focado obviamente em Beatles (no Cavern Pub tem um pouco mais de variação, mas no Club basicamente é só Beatles). Em ambos os bares também convém tomar cuidado com os souvenirs.

Como de praxe lá fora, não existe couvert para entrar em nenhum dos bares e você pode, se quiser, ficar alternando entre os bares a noite inteira. O clima também é muito legal e com gente do mundo todo. Só não se empolgue demais para não fazer como eu fiz, que tomei um dos maiores porres da minha vida no Cavern Club (cheguei até a perder o caminho do hostel…hehehe).

Cavern Pub

Cavern Pub

No outro dia, mesmo tendo chegado tarde e acordado de ressaca, acordei cedo e fui dar uma volta na parte central da cidade que eu não havia visitado ainda. Na parte da tarde rolou o passeio em Anfield, o lendário estádio que é casa do Liverpool FC. O estádio é simples, se comparado com as modernas arenas de clubes ao redor do mundo, porém é bem montado considerando-se o espaço do terreno e aparenta oferecer bastante conforto para o expectador. Interessante notar a simplicidade do vestiário: alguns bancos de madeira e ganchos na parede para os jogadores pendurarem seus uniformes. Nada de armários, espelhos, etc. Como disse o guia: “aqui nós temos jogadores de futebol, não estrelas do rock”. O museu também é legal e a loja do clube é outro lugar onde o mais aficcionado pode acabar gastando demais.

Após o passeio, voltei ao centro (Anfield fica num bairro periférico, acessível facilmente de ônibus), dei mais uma volta e fui descansar um pouco, já que a noite iria curtir novamente os Caverns Pub e Club, já que não é sempre que se pode estar em um lugar histórico como este.

Cavern Club

Cavern Club

No outro dia, acordei cedo para me dirigir à Manchester, onde pegaria o vôo para Dublin. Havia programado o trem de Liverpool para Manchester bem cedo (8:00 da manha) e o vôo para a parte da tarde (15:00 hrs), afim de colocar a mochila em um armário e dar uma volta pela cidade, porém além de estar chovendo muito, estavam ocorrendo aqueles protestos e manifestações violentas que ocorreram na Inglaterra em Julho de 2011. Ainda bem que havia comprado alguns livros em uma ótima livraria que havia encontrado em Liverpool e assim pude passar o tempo.

Próxima parada: Dublin, um dos lugares do mundo que eu tinha mais vontade de conhecer!

Observações, dicas e considerações:

  • Em Liverpool chove muito. Um dos seguranças do hostel me disse que dois dias seguidos sem chover é coisa rara de acontecer e que eu dei sorte por pegar dois dias lá sem uma gota de chuva (choveu quando eu estava chegando e quando estava saindo).
  • Anfield

    Anfield

    Um dos recepcionistas do hostel havia morado em Mato Grosso como missionário durante 6 meses, porém falava muito pouco português. Ele perdeu uns 30 minutos tentando lembrar e me explicar sobre uma comida que ele amava, no final descobri que era coxinha , que ele pronunciava algo como “coc-xina”.

  • O Liverpudlian (como são conhecidos os moradores) são considerados caipiras na Inglaterra e o sotaque realmente é bastante complicado, mas eles são muito simpáticos e receptivos. Assim como os Berlinenses faziam, era só você abrir o mapa na rua e alguém parava perguntar se você estava perdido.
  • Em Londres não havia conhecido ninguém no hostel, o que me decepcionou. Já em Liverpool conheci todo mundo que estava no mesmo quarto (um casal italiano e mais 3 espanhois: uma menina e dois caras) e mais um argentino que vivia na espanha. Engraçado que o casal italiano e os 3 espanhóis estavam morando no hostel, pois eles estavam trabalhando na cidade.
  • Liverpool 9Além do Magical Mistery Tour, existem taxistas que fazem basicamente o mesmo percurso (e se combinar, alguns pontos adicionais), com a vantagem que você pode ficar mais tempo nos locais.
  • Para os brasileiros que estão com saudades de casa, existe uma churrascaria chamada Bem Brasil, bem próximo à Albert Dock, que apesar de ser um pouco cara é bem honesta no quesito comida.

Uma ideia sobre “Wanderlust #14 – Liverpool – Inglaterra

  1. Pingback: Wanderlust #15 – Dublin, Irlanda | Botecoterapia

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