Ultimamente eu tenho evitado viajar em feriados prolongados. Fiquei em São Paulo no ano novo, fiquei em São Paulo no Carnaval e só vou aproveitar os próximos feriados (Páscoa e Corpus Christi) pois vou emendar junto alguns dias de férias.
Devido à falta de infraestrutura (aeroportuária, rodoviária, hoteleira) e a alta demanda que existe ultimamente, está muito caro para viajar nestes feriados. Isto sem falar no sofrimento de encarar transito, aeroportos lotados, falta de transporte público, falta de água, etc. Então estou preferindo desfrutar os feriados em São Paulo e quando possível viajar em finais de semana normais “esticados”, já que tenho a flexibilidade de horários no meu trabalho.
E o que parecia que iria ser um carnaval calmo e tranquilo se tornou num dos melhores carnavais que eu já passei e, devido aos comentários em redes sociais e às reportagens nos portais de notícias, não foi só impressão minha. Parece que São Paulo está se tornando uma boa opção para esta festividade.
Abaixo um pequeno resumo do que foi meu carnaval.
Urubó
Este simpático bloco, que já desfila na Freguesia do Ó (bairro onde cresci e vivo) desde 2010, me foi apresentado pelo Leandro Moraes (vulgo Tula), um amigo de longa data. Apesar de estar bem no começo, o bloco é de um profissionalismo impar e proporciona aos foliões tudo aquilo que se espera: diversão, pessoas de bem com a vida, marchinhas de carnaval e um ambiente bem familiar. Além do que, para mim, a proximidade conta muito.
Como diz um trecho do hino do bloco, “alegrando a menina e a vovó”, neste bloco existiam desde crianças de colo até pessoas de idade, e todos afim de aproveitar um carnaval mais simples dos que os que se vê, por exemplo, na Vila Madalena. O cenário bucólico, que remete a uma cidade do interior, do Largo da Matriz da Nossa Senhora do Ó (com a praça central com a Igreja e os estabelecimentos comerciais à volta), ajuda muito. Mas realmente, o que faz a diferença é a consciência do pessoal.
O melhor de tudo é que eles realizaram ensaios abertos e ao ar livre desde o segundo final de semana de Janeiro, o que possibilitou que meu carnaval começasse mais de um mês antes da data oficial. Só espero que, com o sucesso do bloco, ele não perca suas características.
Tom Maior
Minha amiga Betty Martinez, ao saber que eu estaria em São Paulo durante o Carnaval, me perguntou se eu queria desfilar na Tom Maior e/ou na Pérola Negra, escolas que ela frequenta a bastante tempo. Como também Já frequento escolas (especialmente a Rosas de Ouro) a uns 15 anos, mas nunca estava em São Paulo para desfilar, resolvi encarar o “desafio”.
Desafio aceito, para não fazer feio na avenida, acompanhei três ensaios abertos (o que não foi nenhuma dificuldade…hehe). No dia do desfile chegamos na escola as 23:00hrs da sexta (o desfile aconteceu as 6:05 da manhã do sábado) para podermos nos preparar. Durante a concentração, o clima é de alegria, correria e ajuda mútua. As 3:00 horas da manha seguimos rumo ao Anhembi e a concentração para o desfile ocorreu debaixo de uma chuva chata.
Infelizmente no momento de entrar na avenida, o carro abre alas quebrou, o que impactou o desempenho da escola. Mesmo assim, para marinheiro de primeira viagem, eu achei muito legal e senti até um frio na barriga antes de entrar na avenida. Por mim eu desfilo novamente ano que vem, porém em alguma ala que tenha uma fantasia um pouco menor.
Bloco 7
Descobri este bloco, que comemorou em 2014 seus 30 anos, através do aplicativo do Catraca Livre. O bloco se concentra na esquina da Rua Girassol com a Rua Purpurina, na Vila Madalena, e na concentração estava rolando um samba de mesa muito bom.
A saida do bloco atrasou cerca de uma hora, pois a chuva insistia em cair. Como chegou um horário em que eles não poderiam esperar mais, sairam do mesmo jeito. O bloco faz um percurso legal pelas principais ruas do bairro, mas o ruim é que eles ficam tocando, repetidamente, o hino do bloco (eventualmente eles tocam algumas marchinhas), o que o torna um pouco massante.
Mas o melhor foi que o bloco deve ter saido com umas 2 mil pessoas e na dispersão, em frente à quadra da Pérola Negra (o então presidente do bloco, que se aposentou este ano, foi um dos fundadores da Pérola e também da Águia de Ouro) creio que já existiam umas 8 mil, pois as pessoas iam fechando suas contas nos bares e se juntando ao cortejo.
Bangalafumenga / Sargento Pimenta
No ano passado eu cheguei a ir até este bloco (na verdade 2 blocos tocando na sequência) na Vila Madalena, porém estava tão lotado que não consegui nem ouvir o som (acabei vendo o Sargento Pimenta no Aterro do Flamengo).
Este ano transferiram estes dois blocos cariocas (eles fazem o pré carnaval em SP, mas no carnaval mesmo, saem no Rio) para a Avenida Paulo VI (continuação da Avenida Sumaré), o que foi uma idéia sensacional. Além de não incomodar os moradores, já que ali não existem residências, havia bem mais espaço e o trio pode “sair” (na Vila era um palco).
O Sargento é um bloco que faz versões de marchinhas de sucessos dos Beatles e já é bem famoso, tendo inclusive tocado em um evento dos Beatles em Liverpool. Já o Banga (como é carinhosamente chamado), faz versões carnavalescas de sucessos da música popular brasileira. O Banga tem uma oficina de percursão em São Paulo e, no quarto ano fazendo o pré-carnaval por estas bandas, não precisaram do “reforço” dos percursionistas do Rio. Sinal que tem muita gente em São Paulo interessada em curtir este tipo de carnaval.
Bloco do Ó
O Bloco do Ó, que este ano saiu pela 10ª vez, é o bloco carnavalesco do bar ‘Ó do Borogodó’ (uma das melhores opções em São Paulo para se ouvir ritmos brasileiros diferentes, como maracatu, jongo, congada, forró, tudo isto misturado com samba e MPB).
É um dos blocos que mais gosto e esta foi a quarta vez que fui no pré carnaval deles. O som é proporcionado pela “Orquestra Carnavalesca do Ó do Borogodó”, que é formada por músicos que compõem vários dos grupos que se apresentam na casa, e concentra seu repertório em marchinhas e sambas antigos.
Este bloco já está ficando tradicional na Vila e atrai bastante gente por causa do som que fazem, pela presença de todo tipo de gente (casais com bebês em carrinhos, pessoas idosas, turistas, gringos, etc) e também pelo fato de ser um dos blocos em que muita gente sai fantasiada (creio que o paulistano ainda é mais “travado” e no máximo coloca um chapéu, um óculos diferente, etc), até por que a própria banda é campeã no quesito “criatividade” de fantasias.
Vai Quem Quer
Depois do Bloco do Ó, emendamos o “Vai Quem Quer”. É um bloco diferente e bem animado, mas não faz muito meu estilo por só tocarem composições próprias.
Bar da Dona Diva
No domingo de carnaval, cai na besteira de sair do Urubó para ir a um bloco que estaria acontecendo na Benedito Calixto. Chegamos lá e estava uma zona só, com uma molecada bebada, tudo sujo, e desistimos sem antes chegar perto do bloco.
No caminho para a Vila na esperança de encontrar algo para fazer, acabamos caido no já conhecido e aconchegante “Sem Saida”, como é conhecido o Bar da Dona Diva. Já falei dele aqui.
Jegue Elétrico
Na segunda-feira demos um tempo no Urubó para tentarmos ver o Jegue Elétrico (o mesmo que estaria no domingo na Benedito Calixto), na Praça Roosevel. O bloco é bem legal pela “fauna” que habita o Centro, especialmente na região do Baixo Augusta, porém, também cai na besteira de ficar repetindo o próprio hino (até que era legal, mas chega uma hora que fica massante).
Foi uma experiência bem legal curtir o Carnaval de São Paulo e para mim acabou “empatando” com o carnaval do ano passado, que passei no Rio. Pena que em São Paulo não tem praia…
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