Não conheço uma pessoa que tenha ido à João Pessoa e não tenha se apaixonado pela cidade. Ela não tem praias espetaculares como Alagoas ou Rio Grande do Norte, nem uma vida noturna agitada como Recife ou Salvador e nem tantos locais históricos como todos estes lugares (e outros do nordeste). Porém, se fôssemos dar nota para vários quesitos (segurança, limpeza, beleza, hospitalidade, simpatia das pessoas, etc) provavelmente a média de João Pessoa (e da Paraíba) seria a maior do nordeste e uma das maiores do Brasil.
Diferente da maioria das capitais do nordeste, Jampa (como é carinhosamente chamada) nasceu longe da costa, às margens do rio Sanhauá, e por isto o processo de urbanização de suas praias foi menos agressivo e contou com um pouco mais de planejamento. Os edifícios próximos à costa têm seu tamanho limitado para preservar a paisagem e evitar sombras.
Por estar localizada na Ponta do Seixas, o ponto mais oriental das Américas, a cidade é conhecida como “Porta do Sol”, pois é onde o sol nasce primeiro no continente americano.
No primeiro dos dois dias na cidade, resolvi andar um pouco pelas praias próximas de onde eu estava hospedado (Cabo Branco). Andei toda a orla da praia de Cabo Branco até a Ponta do Seixas, onde se encontram o farol de Cabo Branco e a Estação Cabo Branco, um museu de ciências que tem projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer (um dos poucos projetos dele que eu particularmente achei legal). Como o passeio foi agradável, ao invés de tomar um ônibus preferi voltar caminhando, refazendo todo o caminho da ida e esticando até Tambaú.
Acho que neste dia passei dos 20kms andados. Então resolvi voltar para a pousada pra descansar um pouco, já que havia combinado de ir tomar uma cerveja à noite com o Waltão, amigo da época da faculdade, radicado na Paraíba há 8 anos e que nem pensa em voltar para São Paulo.
Na orla de Cabo Branco, que é bem movimentada à noite, mesmo durante a semana, existem várias opções para beber e comer, tanto em quiosques “pé na areia” quanto em bares e restaurantes do outro lado da avenida da praia.
No outro dia fui conhecer o Centro Histórico de João Pessoa, que apesar de não contar com tanta história como os de São Luis e Salvador, por exemplo, tem alguns edifícios interessantes e principalmente conta uma conservação bem acima do padrão brasileiro.
Além de ficar com vontade de voltar logo para passear, já que acabei não conhecendo boa parte das praias e nem fui à Campina Grande, João Pessoa me despertou inclusive idéias de morar lá algum dia e acabou entrando na minha lista de cidades em que eu gostaria de morar, assim como Aracaju, a última “perna” desta trip e da qual falo no próximo Wanderlust.
Observações, dicas e considerações:
- A limpeza e conservação das praias (Cabo Branco e Tambaú) é acima da média brasileira, inclusive das de Santa Catarina.
- A população ajuda muito não sujando e mantendo os equipamentos conservados (dificilmente se vê lixo nas ruas).
- Além de tudo isto, os preços em Jampa são muito baratos (ou seriam justos?). Cheguei a pagar R$ 4,50 por uma Skol de 600ml e vi porção de camarão alho e óleo de 1 kilo por R$ 35,00.
- Uma pena somente os kioskes não terem Heineken, já que são todos patrocinados (e padronizados) pela Skol.
- Nas minhas últimas viagens eu desenvolvi um método de “medir” a segurança do local (além das conversas com taxistas): é só reparar na rua como a população local utiliza o celular. Se a pessoa pára, se esconde num canto e fica atento ao redor quando fala ou tecla no celular, pode apostar que é uma cidade perigosa. Se a pessoa fala no celular andando e distraido, sem se preocupar com o que acontece à sua volta, provavelmente aquele é um local seguro. João Pessoa foi a cidade que eu conheci no Brasil onde as pessoas se sentiam mais à vontade para usar o celular (e correntinhas no pescoço também).
- Inclusive no Centro Histórico, que normalmente é um ponto sensível nas cidades devido à grande quantidade de pessoas, era comum ver pessoas falando ao celular tranquilamente.
- O lugar para ficar hospedado em João Pessoa é a Suisse Residence. Apesar de não estar tão perto da praia (dá uns 15 minutos andando), a pousada é bonita, aconchegante e os quartos são espaçosos e confortáveis. Seu Hans e dona Inês, os proprietários, são simpatia pura!
Be happy! 🙂
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