Mal tá a mídia! O rock vai bem, obrigado!

Malta1Todo domingo, nos últimos 2 meses (pelo menos), tenho visto comentários no facebook e grupos de whatsapp sobre como o “rock nacional foi salvo” por uma tal de Banda Malta, Banda Suricato, Banda Jamz. Sei que se trata de participantes do programa Superstar (um The Voice para bandas), da rede Globo.

Como não costumo assistir televisão, e passei as últimas 4 semanas fora do Brasil, nunca tive a oportunidade (ou curiosidade) de ver. Mas diante de tanto burburinho a respeito, especialmente durante a final do programa, fui atrás para conhecer um pouco e realmente me inteirar destes “fenômenos” recem descobertos.

Antes de continuar, um adendo: não assisto TV simplesmente por ter outras formas de entretenimento (livros e séries americanas), não porque eu acho que a TV é “imbecilizante”. TV, livros, música servem primariamente para entreter, e neste ponto a TV brasileira atinge seu objetivo. Aliás, eu inclusive detesto os “caga regras” que dizem que a Globo não acrescenta nada, que Funk não ensina nada. Quem tem que educar e ensinar são os pais e a escola. Como disse, TV, música, etc são apenas formas de entretenimento, e se um Funk ou Sertanejo vende um milhão de cópias (ou tem 10 milhões de views no youtube), ele cumpriu sua função. Aliás, para não dizer que eu nunca vejo TV, além de Fórmula 1 e Futebol, não perco um Esquenta!, simplesmente porque acho divertido.

Mas voltando ao assunto principal, dei uma pesquisada e assisti alguns vídeos destas bandas citadas (e que foram as mais comentadas nas redes sociais). São bandas boas. Porém quando executam covers, não são melhores que a Rockover, Mr Kurk, Armagedon e várias outras bandas covers que tocam na noite paulistana em palcos como o Piu Piu, Wild Horse e Stones. Talvez eles tenham mais recursos (tempo e grana) para adquirirem equipamentos melhores, ensaiarem mais e produzirem melhor suas músicas. Mas não creio que tenham mais ou menos talento do que meus amigos do Le Passage, por exemplo (além das já citadas).

Quanto as músicas autorais, gostei da música que a Jamz tocou no final, mas não faz nada de diferente do que o Jota Quest fazia no começo da carreira, imitando o Jamiroquai. O som da Banda Malta (que foi a vencedora) eu achei bem simples, nada mais que sertanejo com um arranjozinho um pouco melhor, mas nada que “salvasse o rock nacional”.

Aliás, este é o problema: o rock nacional não precisa ser salvo! A disseminação da internet e o acesso à tecnologia de produção musical (hoje com um bom notebook e mais um software você consegue montar um bom estúdio caseiro), fizeram com que a produção musical, que antes era centralizada em grandes gravadoras, se espalhasse, por isto hoje é mais raro ver um grande sucesso estourar nacionalmente. Mas por outro lado, a variedade e quantidade de bandas boas que surgiram nos últimos tempos têm impressionado.

Basta dar uma procurada que você vai achar coisas ótimas como os piauienses do Guardia Nova (Quando Chegar é uma obra prima!), bem como o Violante (um projeto de um dos membros do Guardia Nova), o rock à lá Los Hermanos dos brasilienses do Lafusa (infelizmente a banda anunciou uma pausa), a mistureba dos paulistanos do Zabomba, o hard rock em ingles dos goianienses do Black Drawing Chalks.

Sem contar os caras que estão há tempos na luta, como O Rappa (a melhor coisa surgida nos desde 1990 no rock nacional!) e o Skank (que abandonou aquele pop-ska chato do início de carreira e hoje bebem descaradamente nas fontes dos Beatles e do Clube da Esquina, o que é ótimo!). Tem ainda os “dinossauros” como o Lobão (sempre um ótimo compositor, arranjador e músico), o Paralamas, a volta do Ira! Rola até umas coisas mais pops (pra mim chatas) como o já citado Jota Quest, Lulu Santos e o Capital Inicial.

Um pouco fora do Rock temos a grata surpresa do Bixiga 70, os sempre competentes músicos do Funk Como Le Gusta, a soulzera da Nova Black Rio, os violeiros/rockeiros do Moda de Rock, o jazz “espacial” do Liquidus Ambiento, o jazz/chorinho com cavaquinho(!) do Galinha Caipira Completa e muitos outros.

Ou seja, não falta música de qualidade, o que falta é nego parar de esperar que tudo caia no colo e correr atrás para descobrir coisas boas, até porque, se depender da grande mídia, que também está perdidinha com esta disseminação/democratização da indústria de entretenimento, ela vai “fabricar” sucessos para tentar manter as coisas sob controle.

Então sugiro uma coisa: na próxima edição do Superstar ou do The Voice (ou qualquer outro parecido), ao invés de você assistir o programa inteiro, assista somente a segunda metade, durante a primeira, navegue por sites como A Musicoteca, Trama, o próprio Youtube, entre outros e você verá que existem artistas tão bons (e muitos até melhores, bem melhores), do que os que estarão se apresentando no programa. Inclusive melhores do que os jurados destes programas.

P.S. Sim, o título é um trocadilho infame, por que eu adoro trocadalhos do carilho!!!…..hahaha
P.S.2. Nos links tem “amostras” dos sons destas bandas.
P.S.3. O SESC também tem muito show bom a preços acessíveis, do tipo que dá pra você arriscar ir num show de uma banda desconhecida (convenhamos que hoje com uma googlada se acha videos, mp3s, etc) sem medo de “desperdiçar” dinheiro.

 

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