Eduardo e Marina: mais do mesmo – #tbt

Originalmente publicado na Feedback Magazine, em 14 de Outubro de 2013. As opniões do texto não refletem, necessariamente, a minha opnião atual, já que eu sou um ser em constante evolução e que prefere “ser esta metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opnião formada sobre tudo”.


 

Devido ao meu ceticismo, acompanhei de longe (porém, com otimismo!) as já tão comentadas manifestações de junho por todo o Brasil. Muitos meios de comunicação, sociólogos, cientistas políticos, entre tantos outros, tentavam entender o que estava acontecendo, ou seja, o que estava por traz dos 20 centavos.

Acabei apelidando o movimento de “Marcha dos Descontentes”. As pessoas que estavam ali compunham toda a diversidade do povo brasileiro, em credos, ideologias políticas, classes sociais, etc. Por tratar-se de uma massa tão heterogênea, não havia um ponto específico em comum que seria o desejo, porém, estava muito claro o que todas aquelas pessoas não queriam. Não queriam a continuidade do modelo político atual, que apesar de ser democrático, permite que, com o devido conhecimento do processo, determinados grupos se perpetuem no poder, mesmo sendo estes grupos adversários ideológicos. Queriam também que os políticos brasileiros trabalhassem, como seria natural, em prol da população, e não em prol de interesse deles mesmos e de uma pequena minoria.

Usando como “amostra” amigos meus que participaram dos movimentos, notei esquerdistas radicais que se desiludiram com o movimento de centralização do PT (e também, por incrível que pareça, do PCdoB), esquerdistas moderados também desiludidos com o PT por conta do sepultamento do discurso da ética na política, sociais democratas descontentes com a movimentação rumo à direita do PSDB, direitistas descontentes com as alianças entre alguns de seus representantes (PP por exemplo) com o PT, entre tantos outros.

Marcha dos descontentes e não representados.

Notei uma grande semelhança desta massa com os quadros do movimento Rede Sustentabilidade, encabeçado pela Marina Silva, mas que conta com nomes como Walter Feldman (PSDB), Heloísa Helena (ex PT e PSOL) e Alfredo Sirkis (PV). Apesar de entender a opção da Rede de não se envolver diretamente como movimento, já que as manifestações estavam querendo se desvincular de partidos políticos (e até hostilizando membros de partidos), eu achei, na época, que seria uma boa oportunidade para ambos (a massa e o movimento Rede) afinarem discursos e criarem uma identidade político-ideológica (mesmo que isto gerasse divisões na hora do movimento virar partido, justamente por conta de ideologias totalmente distintas).

Também tenho acompanhado o movimento Rede Sustentabilidade desde o começo deste ano. A parte do manifesto da Rede que mais atraiu minha simpatia, foi a que trata do jogo político atual, ao qual à Rede se opunha, especialmente no que tange ao fisiologismo puro, ou seja, o abandono de sua ideologia em função apenas do poder. (Quem pensaria, há alguns anos atrás, em ver o PT se unindo a Paulo Maluf, por exemplo?)

Por ser um movimento novo, que ainda nem é um partido, e por ter uma identidade ainda em formação, como citado acima, não compreendia a pressa em se tornar partido e lançar candidatos na eleição do próximo ano, já que, como o próprio discurso diz, o movimento ia contra o “poder pelo poder”.

Qual não foi minha surpresa (e decepção) quando, no dia 02 de outubro, Marina Silva anunciou sua filiação ao PSB e a disposição de ser vice de Eduardo Campos, na próxima corrida presidencial, levando consigo a votação impressionante obtida na última eleição e seu bom desempenho nas pesquisas de intenção de voto para 2014.

À exemplo do que aconteceu com o PT, a Rede mostrou, mais uma vez, que o que move os partidos e os políticos (e aqui podemos generalizar, já que se trata da ampla maioria), ao invés de ideologias e um projeto de nação, é apenas o poder e projetos de poder. Infelizmente, acabo tendo que concordar com alguns estrangeiros que têm mais conhecimento do Brasil quando dizem que “o Brasil é o país do futuro. E sempre será!

Em tempo: o rompimento do PSB com o governo, a união deste com a Rede e a comemoração do fato pelo PSDB me lembrou muito o livro 1984. No clássico de George Orwell (imperdível, assim como A Revolução dos Bichos, outro clássico do autor), o mundo era dividido em três mega potências: a Eurásia, a Lestásia e a Oceania. Estas três potências alternavam entre si os aliados e inimigos: ora a Eurásia e a Lestásia se uniam em guerra contra a Oceania, no momento seguinte o inimigo comum da Oceania e da Lestásia virava a Eurásia, e assim sucessivamente, mantendo o mundo em um estado constante de guerra.

O inimigo a ser batido no momento é o PT e os demais se uniram para isto, mas não duvido nada que, num futuro próximo, PT e PSDB se unam em âmbito nacional (em níveis regionais já ocorreu) para derrotar o PSB e/ou a Rede, ou qualquer outro bloco que venha a surgir.

P.S.: O título deste texto me ocorreu devido à duas músicas da Legião Urbana: Eduardo e Mônica, do disco Dois, e Mais do Mesmo, do disco seguinte, Que País É Este? (pergunta que também poderia servir de título para este texto).

Be happy! 🙂

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