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Vai ter copa! Mas falta bom senso.

VaiTerCopa1Não sei o motivo, mas eu nunca fui pego pelo sentimento ufanista que envolve a Seleção Brasileira, especialmente em épocas de Copa do Mundo. Quando eu era criança eu gostava da festa de ajudar a pintar as ruas, fazer bandeirinhas e do fato de não ter aula nos dias de jogos. Mais adulto eu sempre gostei dos churrascos ou das idas em bares com os amigos para assistir os jogos, muito mais pela festa do que pelo jogo em sí. Mas sinceramente a Seleção não é algo que me emocione ou me empolgue.

Inclusive eu nem me vejo na obrigação de torcer para a Seleção. Lembro de ter torcido pela seleção brasileira em 1994 (acho que esta foi a Copa em que eu mais me empolguei) e 2002 (bem menos). Em 2010 eu torci pela seleção também, mas dividi minha torcida (na verdade, melhor chamar de simpatia), com as seleções da Alemanha e do Uruguai. Em 1998 eu simpatizava com a Holanda. Da Copa de 2006 eu pouco me lembro pois nem acompanhei muito. Nesta Copa eu gostaria que a Inglaterra ou a Alemanha levassem, não por ser contra a Seleção Brasileira, mas por entender que estes dois países sim, é que são os países do futebol (basta comparar a média de público deles superior à nossa, inclusive com suas divisões inferiores tendo média maior do que a nossa principal) e mereceriam levar.

Também fui contra a Copa no Brasil e desde a escolha do país como sede eu já havia decidido que iria viajar para fora do país quando esta acontecesse (dia 18 eu estou “fugindo”). Não porque ela foi conquistada por político A ou B, ou porque eu acho que o país tem coisas mais importantes com o que se preocupar (e tem!), ou porque haveria muita falcatrua envolvida, o que aconteceria com ou sem Copa (corrupção não é um problema da Copa e sim um problema do Brasil).

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Não tem contra indicações e pode ser tomado em doses cavalares

Eu simplesmente não concordo com eventos onde o investimento seja público, o risco seja público, mas o lucro seja privado. Desta forma eu também não concordo com as Olimpíadas, não concordo com a Fórmula 1 ou a Indy em São Paulo (apesar de ser apaixonado por automobilismo). Chego inclusive a discordar dos incentivos promovidos à indústria cinematográfica nacional, pelo mesmo motivo: o governo abre mão de impostos para que estas produções sejam desenvolvidas, porém o “patrocinador”, além da isenção, ganha com a exposição da sua marca e a empresa que produziu o filme, ainda tem a chance deste ser um sucesso, sem o compromisso de devolver os valores investidos para os cofres públicos. Ou apenas e simplesmente reinvestir na própria indústria cinematográfica.

Entendo que o “legado da Copa”vai ser pequeno. Mas talvez nem existisse se ela não acontecesse. Acho que não precisamos de um evento desta magnitude para cobrarmos dos nossos governantes investimentos em infraestrutura (talvez um dos maiores gargalos no Brasil atualmente) e em outras coisas muito importantes para o desenvolvimento do nosso país. A cobrança deve ser contínua.

Apesar disto, eu não preciso torcer para que a Copa seja um fracasso, ou para que a Seleção não conquiste o caneco (não vou torcer a favor, mas não preciso torcer contra). Eu quero é que, na medida do possível, a Copa seja uma festa alegre para os brasileiro, que os estrangeiros que estiverem no Brasil sejam bem tratados, que nada de mal aconteça a ninguém e que eles levem uma boa impressão do nosso país, que tem muitos problemas sim, mas que também tem suas muitas virtudes.

Sinceramente eu acho que você torcer pelo insucesso de algo, só porque não concorda ou não apoiou, uma pequenez muito grande. Coisa de gente com a tal “síndrome de cachorro vira latas”, da qual já falei em um artigo na Feedback Magazine.

Inclusive acho que a “grita” dos últimos dias dos tais “movimentos sociais” e dos movimentos sindicais chega a beirar a extorsão, a chantagem, por aproveitarem de um momento crítico de um grande evento para exigirem coisas, muita vezes surreais. Mas como diz um ditado russo: “você pode até dançar com um urso, mas quem vai escolher a hora de parar será ele” e o PT, que alimentou estes “monstrinhos” durante tanto tempo, agora enquanto governo, está sentindo na carne o mal que eles fazem.

Mas apesar de tudo isto, lá de longe, a alguns milhares de quilometros de distância do Brasil, eu quero pelo menos sentir orgulho de, ao assistir jogos e reportagens sobre a Copa no Brasil em um bar cheio de estrangeiros ou em uma praça, ter a oportunidade de vê-los perceber que que o Brasil é muito, mas muito melhor do que eles sempre imaginaram, que vai além da tríade “bunda, samba e futebol” e que, apesar de todos os nossos problemas, a gente consegue, do nosso jeito, fazer as coisas acontecerem sem dever nada a ninguém.