Good Omens – Terry Pratchett & Neil Gaiman (16/2014)

Minha dentista outro dia me comentou sobre este livro e fiquei na curiosidade de ler, pois a “sinopse” que ela havia feito me pareceu muito interessante: dois anjos, um do exército divino e um anjo caído, ou seja, do exército do inferno, se encontram na terra há mais de seis mil anos, com a missão de prepararem as coisas para o dia do armagedom.

O problema é que, além deles terem se tornado amigos, eles já viveram tanto tempo entre os humanos que se habituaram a alguns prazeres mortais (como carros, no caso de Crowley, o anjo caído, ou sushi e livros, no caso de Aziraphale, o anjo do exército divino). Além de terem desenvolvido afeição pelas pessoas e questionarem a necessidade de se extirpar a vida na terra por conta de um capricho divino.

Para piorar a situação, na hora de colocar o anticristo para ser criado em determinada família, os assistentes de Crowley acabam confundindo tudo e o bebê acaba indo para uma outra família, sem que ninguém saiba qual é, e ambos (Crowley e Aziraphale) têm que correr para descobrir onde se encontra o filho do senhor das trevas antes do dia do juizo final, que acontecerá em 4 dias e que eles estão, na verdade, tentando evitar.

Vale dizer que os autores são britânicos, então já dá para imaginar o tipo de humor encontrado no livro, que é uma mistura de Douglas Adams (O Guia do Mochileiro das Galáxias) com Monty Python (notaram a semelhança da confusão de bebês com “The Life of Bryan”?).

Existem partes simplesmente hilárias, como na que eles contam como uma freira satânica (a mesma que fez a confusão na troca de bebês) criou o que conhecemos hoje como “treinamentos corporativos”, daqueles em que o pessoal da empresa é levado à um hotel de luxo que têm piscina, quadras, bares, geralmente num dia de sol e calor, para que os funcionários fiquem enfurnados dentro de uma sala afim de construir uma canoa, ou uma torre, ou algum outro tipo de atividade que ninguém vê sentido algum, mas para qual todos inventam “lessons learned” (e eu concordo plenamente que este tipo de atividade só pode ser coisa do cão!).

Ou na “reconstrução” dos quatro cavaleiros do apocalipse, onde a fome, por exemplo, é um famoso guru de dietas, que criou uma linha de produtos que não engorda, mas também não alimenta, além de uma rede de fast food cuja descrição em muito lembra o McDonalds, Burger King, e outras gigantes americanas.

A acidez do humor britânico também se faz presente como no trecho abaixo, onde algumas crianças estavam querendo “brincar” de Inquisição Espanhola:

– Eu não acredito que seja permitido às pessoas sairem por ai queimando outras pessoas!
– É permitido se você for um religioso.

Foi um dos livros mais legais que eu li e em vários trechos eu não conseguia conter as gargalhadas, mesmo enquanto estava lendo em público. O único porém foi que eu comprei o livro em inglês e devo ter perdido várias piadas, pois estou mais habituado com o inglês americano. Ao menos entendi a do Greatest Hits do Queen, que diz que, ao escolher aleatoriamente uma fita no carro para colocar para tocar, é 100% de chances que esta fita seja o greatest hits do Queen e que a música que esteja “no ponto” seja precisamente “Bohemian Rhapsody”.

Tentei até encontrar o livro em português, cujo título é “Bons Presságios”, para ler novamente (sim, estou disposto a ler novamente, de tão bom que é), mas infelizmente está esgotado.

Não sei como ninguém teve a idéia de transformar em um seriado. Iria render umas boas 3 temporadas de estórias hilariantes.

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